sexta-feira, 4 de julho de 2008

Povo nas ruas decide os rumos do protesto (Tribuna da Imprensa há 40 anos)

4 de julho de 1968


O povo voltará hoje às ruas, em manifestação pacífica e permitida pelo governo, para decidir os rumos do protesto contra a violência, diante da recusa do presidente Costa e Silva em atender às reivindicações formuladas pela Comissão dos Cem Mil. A manifestação começará oficialmente às 11h30min, mas os grupos organizados começarão a se concentrar a partir das 10 horas. A Cinelândia e o pátio do Ministério da Educação serão os principais pontos de encontro até o início da segunda assembléia popular.

Intelectuais, artistas, religiosos, professores e estudantes permaneceram em vigília cívica até a zero hora de hoje, na esperança de que o governo libertasse os presos. Como a medida não foi adotada, as lideranças estudantis e as outras organizações, que se integraram no protesto, decidiram promover hoje uma segunda manifestação de rua, para a qual foram covocadas todas as classes e todos os setores democráticos do País. Em São Paulo, a manifestação realizada ontem teve caráter pacífico. No Rio, o I Exército entrou em prontidão rigorosa.

Juiz prende um diretor da Dominium

O sr. José Tomás Ribeiro, diretor da Dominium, teve ontem sua prisão preventiva decretada pelo juiz que acompanha o processo de concordata da empresa. A decisão foi baseada no fato de ter José Tomás Ribeiro se utilizado do nome da Dominium para fazer uma transação particular de crédito de 284 milhões de cruzeiros antigos em favor do seu pai, Vicente de Paula Ribeiro, também diretor da empresa. Na Câmara, o deputado Lurtz Sabiá pediu às lideranças da Arena e do MDB que indiquem os nomes dos deputados que comporão a CPI sobre concordatas.

Juiz vê jovens inocentes e quer soltá-los

Ao despachar a denúncia da 3ª Auditoria Militar contra os quatro estudantes acusados de tocar fogo numa viatura do Exército, o juiz Jacob Goldemberg afirmou que, se tivesse o direito de opção, mandaria libertar imediatamente os jovens, por sabê-los influenciados pelo fenômeno do "Poder Jovem" que atravessa o mundo. Na denúncia, o promotor Válter Wigderowitz enquadra os estudantes Lourivaldo Nunes Dourado, Pedro de Barros Lins, Carlos Gomes Vilela Filho e Jean Marc Frederic no artigo 211, parágrafo 2º, itens I e II do Código Penal Militar.

Flamengo reclama da fúria policial

Chegou o Flamengo da Bahia, lastimando a atitude da polícia daquele estado, que agrediu o massagista Luís Luz. Miráglia voltou satisfeito com Guilherme e a direção com a mala de dinheiro. Com a turma muito psicodélica (calças boca-de-sino, camisas estampadas e berimbaus), mala com trinta e cinco mil cruzeiros novos, líquidos, a delegação do Flamengo chegou antes da hora, no Galeão, com muitas queixas da polícia baiana, que desceu a lenha no massagista Luís Luz.

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