22 de junho de 1968
O professor Sobral Pinto qualificou como sendo de uma "seriedade total" e ao mesmo tempo de "alta gravidade" o documento em que um grupo de bispos condena o regime militar do País e exige urgentes reformas sociais e econômicas. "O documento deve levar os militares a refletir sobre o mal que estão fazendo ao País" - assinalou o jurista, frisando que os prelados mostram que o governo deve alterar a estrutura do regime em suas raízes e não apenas mudar ministros. "O País tem que voltar às origens democráticas" - disse Sobral Pinto.
O documento de repúdio à "Doutrina de Segurança Nacional", carta de pricípios dos dois governos chamados revolucionários, foi elaborado sob a coordenação do bispo dom Padim, de Lorena. O prelado considera que a doutrina da Escola Superior de Guerra é semelhante à que vigorou na Alemanha nazista. A Oposição deverá hipotecar solidariedade aos 220 bispos e três cardeais que encerraram sábado a Conferência Nacional. Esperam-se para hoje pronunciamentos de apoio ao documento.
Sindicatos da GB e paulistas condenam arrocho
A compressão salarial adotada como política pelo governo, dentro do programa de contenção inflacionária, foi condenada ontem em dois documentos de origem sindical: as principais organizações de trabalhadores do Rio, protestando contra a prisão de grevistas, padres e estudantes em Osasco, advertiram que "a intransigência governamental somente poderá gerar outras explosões de protesto popular"; e a Conferência Nacional dos Trabalhadores nas Empresas de Crédito assinalou que as medidas para conter a inflação só conseguiram conter plenamente os salários.
SP: estudantes saem às ruas
SÃO PAULO (Sucursal) - Os estudantes de São Paulo sairão às ruas esta semana em manifestação de apoio aos operários de Osasco. Na Faculdade de Filosofia Ciências e Letras centralizaram-se os trabalhos dos comitês de solidariedade ao grevistas, distribuindo tarefas de pedágios, a fim de arrecadar fundos e mantimentos para enviar a Osasco.
Uma preocupação assalta agora os estudantes: perder a Faculdade por uma reintegração de posse que já teria sido pedida pelo Reitor Mário Guimarães Ferri. A nota divulgada pelo diretor da Escola, professor Erwn Rosenthal, na qual acusa os estudantes de colocarem em perigo a Escola, armazenando bombas Molotov, foi encarada pelos estudantes como um protesto.
Exército russo pronto para intervir na Tchecoslováquia
O Exército Soviético apoiou as decisões do partido no referente à Tchecoslováquia. O Jornal do Exército, "Estrela Vermelha" anunciou que os militantes das organizações do partido nas Forças Armadas aprovaram sábado, por unanimidade, as decisões do "Pienum de 17 de julho, os resultados da reunião de Varsóvia e a carta enviada ao Partido Comunista Tchecoslovaco pelos cinco países participantes daquela conferência.
Andrei Gretchko, ministro da Defesa da URSS, assistiu a reunião de sábado. A "Estrela Vermelha" insistiu, no editorial de sábado, na necessidade de "defender o socialismo" e indicou que "as Forças Armadas soviéticas continuam dispostas a cumprir seu dever patriótico e internacional, e mantêm-se preparadas para a qualquer momento a esmagar qualquer agressor que ouse perturbar o trabalho pacífico dos construtores do comunismo".
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