quarta-feira, 9 de julho de 2008

Deputado: regime de força vem aí (Tribuna da Imprensa há 40 anos)

9 de julho de 1968

Deputado: regime de força vem aí

O deputado Raul Brunini denunciou ontem que está sendo formada, em marcha acelerada, a instalação de um regime de força no País, e acusou o governo de aproveitar-se da crise estudantil para estimular a ação de grupos radicais. Discursando na Câmara, o parlamentar carioca apontou a "aflitiva situação econômico-financeira como uma das causas da mais grave crise de todo o período da história brasileira", e fez um apelo em favor da reforma ministerial, medida que considera necessária para vencer a atual situação.

A Câmara Federal teve uma sessão agitadíssima, com os deputados da oposição se revezando em acusações ao foverno, de favorecer o estabelecimento de uma ditadura de fato. Na Guanabara, o senador Antônio Balbino considerou crítica a atual fase brasileira, e previu para breve uma ação de militares radicais.

Costa teve informação errada no caso FNM

Informaram mal ao presidente no caso da venda da Fábrica Nacional de Motores. Para fazer a transação o governo argumentou que a FNM era deficitária e que só em 1967 apresentara prejuízos de 12 bilhões antigos. Mas a informação foi contestada pelo senador Lino de Matos, que pediu ao presidente Costa e Silva o reexame das informações que lhe orientaram na venda ao grupo italiano. Segundo o senador, a FNM nada tem de deficitária, mas, pelo contrário, é altamente rentável.

Estudante faz balanço da crise

Os estudantes cariocas pararam para pensar, analisar e definir os rumos das manifestações. Na reunião esteve todo mundo: Wladimir Palmeiras, Luís Travassos, Elinor Brito, Carlos Alberto Nuniz e outros. O balanço do movimento foi considerado positivo por todos os presentes. Houve divergência apenas quanto ao dia de novos protestos de rua. No final, porém, ficou resolvido que novas passeatas só em agosto. Ontem, o secretário de Finanças da Guanabara, Márcio Alves, renunciou ao cargo, em protesto contra as violências policiais. Preferiu ficar ao lado dos jovens.

Uruguai vai à Argentina pedir ajuda para crise

A viagem ontem do presidente Pacheco Areco a Buenos Aires, para entrevistar-se com o general Juan Carlos Ongania, foi interpretada por círculos políticos como uma busca de ajuda para enfrentar a crise político-social que vive o Uruguai. Em Moscou, o presidente Gamal Abdel Nasser prorrogou sua permanência naquele país com a notícia de que os Estados Unidos tinham enviado a Israel uma quantidade indeterminada de projéteis "Hawk". Esta notícia circulou no momento em que o presidente Lyndon Johnson regressava a Washington de sua viagem a San Salvador, após passar o fim de semana conferenciando com os presidentes dos países centro-americanos.

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