12 de julho de 1968
A firme oposição do ministro Jarbas Passarinho impediu que o presidente da República decretasse o estado de sítio, com base em recomendações do ministro da Justiça, que acabou sendo derrotado na reunião de ontem do Conselho de Segurança Nacional. A certa altura do encontro, o marechal Costa e Silva passou a admitir a adoção de medidas de exceção preconizadas pelo sr. Gama e Silva, mas acabou cedendo às ponderações do seu ministro do Trabalho, que solicitou, ao contrário, fizesse o governo uma abertura em termos democráticos para um diálogo com o povo. Nova reunião do Conselho de Segurança foi marcada para terça-feira, quando então será definida finalmente a posição governamental. O ministro Passarinho reafirmou que existe uma conspiração para derrubar o governo.
Estudantes são soltos pela Justiça Militar
Os estudantes Jean Marc Frederic Charles von Der Weig, Pedro de Baros Lins, Carlos Gomes Vilelo Filho e Norivaldo Nunes Dourado foram postos em liberdade, ontem, sem prejuízo do processo, pela decisão unânime do Conselho Permanente de Justiça da 3ª Auditoria do 1º Exército. Os estudantes foram denunciados pelo promotor Walter Wigderowitz sob acusação de terem incendiado uma viatura do Exército na Rua Uruguaiana, durante a manifestação estudantil do dia 19 de junho último.
Venda da Dominium: Delfim não dá repasse
O ministro Delfim Neto contestou as afirmações de que estaria "protelando, inexplicavelmente, a autorização de um repasse de financiamento que permitirá a venda da Dominium a grupo nacional dirigido por altas patentes de nossas Forças Armadas. Afirmou em nota oficial que "é evidente que tal transação seria altamente lesiva aos interesses nacionais e acusou o sr. Vicente de Paula Ribeiro, presidente da Dominium, de ser o propagador da notícia.
Já o procurador-geral da Fazenda Nacional, sr. Jayme Alipio de Barros, anunciou para a próxima semana a acareação entre os diretores da Dominium. Adiantou estar havendo flagrante contradição nos depoimentos prestados à Comissão de Inquérito. A acareação esclarecerá qual dos membros da Diretoria da Firma autorizou a emissão de ações irregulares.
Argentinos acusam d. Hélder
Os serviços oficiais de inteligência argentinos acusaram a d. Hélder Câmara, arcebispo de Recife e Olinda, de participar com o padre belga Ernest Comblin de uma conspiração internacional que se manifesta no Brasil, onde se prega a derrubada de Costa e Silva mediante a agitação, para depois instalar uma ditadura férrea, como a castrista. A mesma acusação foi feita aos jesuítas e sacerdotes pós-conciliares argentinos que fomentam, segundo o serviço de inteligência, a subversão naquele país através da Confederação Geral do Trabalho dirigida por Raimundo Ongaro.
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