quarta-feira, 2 de julho de 2008

Costa resiste ao Estado de Sítio e à Ditadura (Tribuna da Imprensa 40 anos)

2 de julho de 1968

O presidente Costa e Silva prometeu que, enquanto governar o País, não permitirá o estabelecimento de ditadura nem fechará o Congresso Nacioal. As declarações foram feitas durante encontro com governadores da Arena, que transmitiram ao presidente a inquietação da classe política quanto aos rumos que a Nação está tomando.

"O senhor está muito enganado. Comigo aqui ninguém estabelece nenhuma ditadura, porque eu não deixo", disse o marechal em resposta ao governador da Paraíba, que serviu como porta-voz dos colegas. Apesar da firmeza do marechal, o sr. João Agripino levantou o problema da divisão nas Forças Armadas.

O presidente respondeu: "Isso não, governador. De Forças Armadas quem entende sou eu, e elas estão firmes e unidas sob o meu comando". Em Brasília, o Congresso Nacional reuniu-se extraordinariamente para debater a crise, enquanto a Assembléia Legislativa carioca se mantém em expectativa.

Credores preparam pedido de falência da Dominium

Segundo fontes ligadas à Comissão de Inquérito da Dominium S.A., diversos credores estão se movimentando no sentido de pedir a falência da empresa. As mesmas fontes declararam que os irmãos Ribeiro, quando começaram a lançar ações da Dominium no mercado, já eram devedores de vultosas somas no mercado paralelo, em conseqüência de compromissos assumidos pela firma Serva Ribeiro, que teve falência decretada.

Com o propósito de atender à solicitação do presidente da Comissão de Inquérito da Dominium, Sr. Ivo Revoledo, no sentido de se tentar fazer com a máxima urgência uma conferência das cautelas de ações emitidas pela empresa, por haver suspeita de emissões falsas, o Banco Central solicitou do Banco do Brasil para que convoque os portadores de ações, através de suas agências. As ações ficarão em custódia por 30 dias.

Crise no futebol

E o Rio fica sem futebol. Os cartolas discutiram durante quatro horas na sede da FCF e acabaram saindo da assembléia-geral quase à meia noite, sem uma solução para a saída do Flamengo da Taça Guanabara. Há prenúncios de crise ainda maior: o América quer obrigar o Flamengo a jogar a Taça através da Justiça Desportiva e se baseia nas leis para torpedear qualquer mudança no quadro de árbitros, pelo menos até janeiro de 69. E a Taça começa em agosto.

Bem longe do Rio, e dessa onda toda, nossa seleção amanhece hoje em Lisboa e amanhã parte para o México, palco da Copa-70, e onde o amistoso Brasil x México começa ao meio-dia (15 horas de Brasília) de domingo porque a maior atração, lá, são as touradas, e o melhor é fugir à concorrência.

Favelados fizeram passeata e invadiram fábrica

Moradores da Colônia Marcílio Dias, localizada na Avenida Brasil, fizeram uma passeata, ontem, pela Penha Circular, e invadiram a fábrica de bolsas Kelson, que aterrou as valas do precário sistema de esgotos da favela, inundando toda a área. Antes, através de representantes, sob a liderança do padre José Artola e do deputado Ciro Kurtz, tentaram dialogar com os proprietários da empresa, mas não conseguiram sensibilizá-los para o problema das 300 famílias ilhadas pela água estagnada e detritos.

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