quinta-feira, 17 de julho de 2008

Governo ameaça e greve paralisa fábricas em SP (Tribuna da Imprensa há 40 anos)

Enquanto no Rio o governo acusava a imprensa de fomentar a crise no País e ratificava a proibição de passeatas estudantis, metalúrgicos de Osasco, em São Paulo, ocupavam seis fábricas e deflagravam greve por tempo indeterminado, além de prenderem diretores, técnicos graduados e alguns funcionários burocratas. A ocupação só foi levantada pela ação da Força Pública, depois da comunicação de que era ilegal. Anunciou-se para hoje a adesão ao movimento de todos os metalúrgicos do município, além de sindicatos operários do ABC paulista. Os estudantes também deverão apoiar a greve dos metalúrgicos.

Assessores do sr. Abreu Sodré diziam ontem à noite que agora o endurecimento do regime será inevitável. A nota do Conselho de Segurança Nacional foi recebida com profunda melancolia pelos círculos políticos. O deputado Martins Rodrigues considerou-a como prova de que o País vive sob um regime militarista. O MDB denunciará hoje na Câmara que o governo quer liquidar com a liberdade de imprensa.

Dom Hélder vê situação subversiva

Dizendo estar acostumado a receber acusações de que é subversivo, d. Hélder Câmara declarou ontem, na IX Conferência dos Bispos, que "subversiva é esta situação que anda por aí e que leva muita gente à radicalização".

Reitor proíbe Forum de Debates

O reitor Moniz de Aragão não deixou que os estudantes realizassem ontem na Universidade Federal do Rio de Janeiro o Forum de Debates. Alegou que não tinha sido informado com antecedência e deu ordens para que todas as portas da Universidade fossem fechadas. Diante do impasse, e em face do grande número de estudantes e convidados presentes, os organizadores resolveram iniciar o Forum no Campus da Universidade.

Entre os oradores, falou o deputado Márcio Moreira Alves. Os estudantes Jean Marc, Pedro de Barros Lins, Carlos Gomes Vilela Filho e Norivaldo Nunes dourado foram qualificados ontem pelo Conselho Permanente de Justiça da 3ª Auditoria do I Exército sob acusação de terem incendiado uma viatura do Exército.

Golpe no Iraque: socialistas assumem o poder

O general Abdel Rahman Aref foi deposto hoje de madrugada por um golpe militar dirigido por oficiais de tendência socialista, segundo anúncios da Rádio da Bagdad, cujas transmissões normais deram lugar à irradiação de marchas militares. O gabinete presidido pelo general Yehia também foi destituído. Ambas as decisões foram anunciadas em comunicado especial da Junta responsável pelo golpe.

Em outro informe, o conselho militar anuncia que o toque de recolher entrou em vigor em todo o país a partir de zero hora de hoje, e vigorará até segunda ordem. Não se informou até agora os nomes dos cabeças do movimento que derrubou o presidente Abdel Aref, cujo destino é desconhecido, assim como o de todos os seus ex-auxiliares diretos.

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