quinta-feira, 29 de novembro de 2007

Passaporte falso de Beides dá inquérito

Manchete da TRIBUNA DA IMPRENSA de 29 de novembro de 1967


O governo brasileiro, segundo se anunciou ontem no Ministério da Justiça, vai adotar uma série de providências, inclusive de natureza policial, para descobrir os responsáveis pelo fornecimento ou pela falsificação do passaporte que vinha sendo utilizado pelo banqueiro libanês Youssef Elias Beides, preso segunda-feira em Lucerna (Genebra) por autoridades suíças.

O banqueiro, que é autor da falência fraudulenta do Banco Intra, do Líbano, estava com prisão preventiva decretada pelo Ministério da Justiça, aguardando, em um "hospital particular em São Paulo", a decisão do processo de extradição pedida por aquele país e que está tramitando no Supremo Tribunal Federal.

Trabalho confessa erros da atual política de "arrocho"

O ministro Jarbas Passarinho reconheceu ontem a irrealidade da política salarial do governo, ao manifestar que "a inflação, durante o último período, foi o dobro da prevista, atingindo a 40 por cento", sendo necessária "uma aplicação correta da política salarial.

-Depois de ter havido em 1965 um aumento do custo de vida de 65 por cento, foi feita uma previsão de apenas dez por cento, para 1966, completamente irreal, portanto- disse o ministro, informando estar de inteiro acordo com o deputado oposicionista Franco Montoro, a esse respeito.

MDB só aceita conversar se vier redemocratização

O deputado Régis Pacheco, ex-governador da Bahia, salientou ontem, no Palácio Tiradentes, que a abertura de entendimentos entre a oposição e o governo importa fundamentalmente, no tratamento de problemas ligados à necessidade de restauração da normalidade institucional e democrática no País.

O presidente do MDB baiano não concebe a existência de diálogo, enquanto a própria oposição estiver ameaçada de dissolução, em face das articulações que se processa, na área legislativa, para a introdução do voto vinculado e das sublegendas no processo político-eleitoral brasileiro.

Fundo de garantia favorece empresários

O documento que as confederações de trabalhadores encaminharam ao II Encontro Nacional de Dirigentes Sindicais salientava que a política salarial é parte integrante do PAEG, pelo que não pode ser analisada isoladamente. Afirmavam as confederações que o Fundo de Garantia do Tempo de Serviço, tanto quanto a política salarial, orienta a distribuição de rendas em favor dos empresários.

O ponto de vista dos trabalhadores é perfeito. De fato, o FGTS é totalmente favorável aos patrões e se insere em um conjunto de medidas destinadas a transformar o Brasil no "paraíso dos empresários". Assim é que o FGTS restabeleceu a figura do empresário todo-poderoso, senhor de baraço e cutelo que pode despedir o seu empregado, tenha este 5, 10, 15 ou 20 anos de casa, com justa ou sem justa causa, porque o valor da indenização deve ser procurado na conta vinculada do BNH, com uma demora atual de 4 a 5 meses.

(Tribuna de imprensa a 40 anos)

http://www.tribuna.inf.br/40anos.asp

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