(Manchete da TRIBUNA DA IMPRENSA de 31 de agosto de 1966)
Os mais expressivos dirigentes opocionistas previam ontem que o marechal Castelo Branco terminará por outorgar o novo diploma constitucional, amparando-se esse procedimento governamental na decisão do MDB de obstruir a mensagem presidencial, não aceitando transigir em questões de princípios para dotar o País de uma nova estrutura de poder político que afaste o pronunciamento popular na escolha dos dirigentes da Nação.
Mesmo os ex-pessedistas integrados no partido de oposição que levantaram a idéia de colaboração na mensagem de reforma constitucional evoluem para reformulação dessa posição, ao terem conhecimento de informações que indicam a pretensão do marechal Castelo Branco em manter o sistema de eleição indireta para a escolha dos chefes de Executivos Estaduais e para a Presidência da República.
Sarazate condena obstrução contra Carta
O deputado Paulo Sarazate, porta-voz do pensamento do marechal Castelo Branco no Congresso, condenou os oposicionistas por dificultarem a elaboração da nova Constituição "pois se conhece o propósito do governo de dotar o País de um instrumento constitucional harmônico, acorde com as necessidades do mundo atual".
E disse que dois meses serão suficientes para a votação da nova Carta. - Tenho a impressão de que o espírito sereno e conciliador dos pessedistas voltará a dominar o MDB depois das eleições, para o bem do Brasil. Assim, a oposição poderá colaborar da mesma maneira como nós, udenistas, colaboramos, em 1946, na preparação da Carta Constitucional. Os oposicionistas só deixarão de ser ouvidos se o quiserem, pois o governo não vai enviar uma Carta ruim.
Farah diz que MDB perde com as sublegendas
O deputado Benjamin Farah disse ontem que o estabelecimento de sublegendas pelo MDB, para a disputa da senatória pela Guanabara, representará certamente, a derrota da oposição, "que se apresentará nas eleições sem a unidade política e ideológica capaz de enfrentar o candidato da Arena". O parlamentar disse que somente a união em torno de um só nome na convenção do MDB que se iniciará sexta-feira evitará uma vitória do governo federal, salientando estar disposto a abrir mão de sua candidatura unicamente em favor do nome do sr. Lutero Vargas, que considera capaz de unir a oposicão.
Lacerda exige o retorno ao pleito direto e à democracia
Em entrevista concedida à revista "Visão", que circula hoje, o ex-governador Carlos Lacerda sustenta que "um governo sob o qual se processe no País um fecundo debate de idéias é urgente, pois uma Nação não vive sem idéias, nem as soluções podem vir prontas da cabeça de alguns seres que se julgam providenciais e descontam sobre a Nação seus complexos de inferioridade". - O grupo que subiu ao poder em 64 - afirma o sr. Carlos Lacerda - fez uma conspiração dentro de outra, promoveu o contra-golpe dentro da Revolução e tomou para si o movimento de março. Esse grupo considera o mundo irremediavelmente dividido em dois blocos, o comunista e o capitalista, e uma guerra mundial inevitável.
Fonte: Tribuna da Imprensa Online
http://www.tribuna.inf.br/anteriores/2006/agosto/31/noticia.asp?noticia=40anos
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