terça-feira, 25 de novembro de 2008

Igreja reabre crise e ameaça paz do governo

25 de novembro de 1968



Com o arrefecimento da crise estudantil, os termômetros políticos voltam a acusar elevação de temperatura no Nordeste, onde alguns bispos, tendo à frente do Hélder Câmara, ameaçam o governo com uma reação sem precedentes, caso se efetive qualquer violência contra dom Antônio Fragoso.

O protesto da Igreja foi levado aos fiéis pelos diversos oradores sacros, que falavam dos púlpitos, enquanto era aguardado, hoje, em Fortaleza, o regresso de dom Fragoso, procedente de Recife, para receber manifestações de solidariedade dos religiosos, estudantes, operários e do povo em geral.

AL aprova empréstimo sob tumulto

A minoria da Assembléia Legislativa vai impetrar, hoje, medida judicial contra a decisão da mesa da Assembléia Legislativa do Estado da Guanabara, que considerou aprovado o projeto de Lei nº 896-A de 1968, autorizando o Poder Executivo a realizar operação de financiamento para o metrô do Rio de Janeiro. A minoria estava constituída dos deputados Lígia Lessa Bastos, Mauro Magalhães, Nina Ribeiro, Paulo Carvalho, Salvador Mandin, Aloísio Caldas, Caio Mendonça e Geraldo Monerat.

Após 30 horas consecutivas, numa obstrução inédita que obrigou todos deputados a permanecer durante à madrugada, foi aprovado o referido projeto. Numa pressa injustificável, o presidene da Assembléia convocou para ontem, domingo, às 16 horas, outra seção, na qual teria que ser aprovada a redação final.

Arena submete a Costa proposta para eleições diretas

A retomada do processo de eleições diretas, inclusive para a Presidência da República, vai ser tentada junto ao marechal Costa e Silva por destacados líderes da Arena, tendo em vista o resultado das eleições municipais de 15 de novembro. O pioneiro da idéia da volta das eleições diretas, sr. Paulo Pimentel, governador do Paraná, entende ser necessária uma reformulação política em todo o País, acabando-se com o bipartidarismo e estabelecendo-se um sistema unitário para a escolha dos novos governadores e do próprio presidente.

Falsa notícia da morte de Marighela

O secretário de Segurança da Guanabara, general Luís de França Oliveira, soube por intermédio do secretário de Segurança de Minas, Joaquim Ferreira Gonçalves, que o atestado de óbito apresentado pelo cidadão Augusto Carvalho ao advogado Celso Nascimento, dando como morto o líder comunista Carlos Marighela, é falso.

O delegado de Polícia de Carangola, sr. Tarcísio Nogueira da Costa, enviou ofício à Secretaria de Segurança Pública, em Belo Horizonte, declarando ser falso o atestado exibido por Augusto Carvalho, informando que nenhum cartório do município expediu documento neste sentido e, no cemitério local, não foi sepultada qualquer pessoa com o nome do ex-deputado carioca.

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