28 de novembro de 1968
A expulsão de 11 deputados da Arena e a convocação extraordinária do Congresso são as medidas admitidas ontem pelo governo para forçar a cassação do mandato do deputado oposicionista Márcio Moreira Alves. O presidente da Comissão de Justiça, Djalma Marinho, recusou-se a conversar com os ministros Gama e Silva e Rondon Pacheco, que estiveram na Câmara para transmitir a orientação do Executivo, e mandou publicar o voto do deputado Pedroso Horta, contrariando orientação governamental. A Comissão de Justiça voltará a se reunir hoje para apreciar o caso Márcio Alves, em meio a um ambiente tenso.
Paulo César confirma tortura
O estudante Paulo César Bezerra Monteiro confirmou ontem para o juiz Erasmo Couto, da 11ª Vara Criminal, que foi torturado, submetido ao pau-de-arara e outras sevícias para confessar sua particpação no assalto ao carro-pagador do IPEG, e apontar o ex-deputado Carlos Marighela como cérebro de uma rede terrorista, responsável pelo assalto. Acompanhado do advogado Celso Nascimento, o estudante relatou para o juiz todas as violências de que foi vítima, durante sua prisão.
Jânio leva hospedagem à Justiça
O ex-presidente Jânio Quadros disse ontem que só a Justiça decidirá quem pagará o seu hotel, nos 120 dias de confinamento em Corumbá. Ao retornar a Guarujá, Jânio explicou que se recusou a voltar em avião da FAB porque "não posso conceber que a nossa Força Aérea, uma afirmação da soberania nacional, seja empregada para transportar um, brasileiro confinado". De sua experiência em Mato Grosso, o ex-presidente trouxe uma sugestão: a criação de uma zona franca em Corumbá, nos moldes da implantada com êxito na Amazônia.
Militares lembram o levante
O brigadeiro Deoclécio de Lima Siqueira falou ontem, em nome das Forças Armadas, para reverenciar a memória dos que morreram durante o levante comunista de 1935. A solenidade foi realizada no monumento da Praia Vermelha, com a presença do presidente Costa e Silva, que depositou uma coroa de flôres. Uma salva de 13 tiros seguiu-se à chamada dos 31 oficiais e praças assassinados pelos comunistas. "Vocês morreram para defender o direito deste País continuar sendo livre e hospitaleiros, sem preconceitos e sem ódios" - disse o brigadeiro em seu discurso.
Senador acusa corrupção no governo
Ao mesmo tempo em que interpelava o ministro Mário Andreazza sobre questões ligadas à sua Pasta, o senador Mário Martins insistia na tese de que há corupção no governo, através de pronunciamento feito, ontem, no Senado.
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