Os verdadeiros causadores da tensão política

8 de setembro de 1968

A imprensa já informa que a invasão da Universidade de Brasília está caindo no esquecimento oficial, e que não deverá ser atendido o clamor público pela demissão das autoridades culpadas. Se não é verdadeira a informação, se todos ou quase todos os jornais do Rio se equivocaram ao divulgá-la, deve o governo desmenti-la imediatamente, com atos e fatos. Poís o caso é gravíssimo. Como assinalamos em editorial anterior, o inquérito que o presidente Costa e Silva mandou fazer, para a identificação e castigo dos responsáveis, se tornou o centro da questão.

Levasse o chefe do governo sua atitude às últimas conseqüências, e teria dado um passo de gigante para a normalização da vida política e social do País. Deixe-a nos limites da punição aos executores subalternos da agressão policial-militar, e terá soltado a rédea aos radicais que, estrategicamente situados nos órgãos repressivos e até na vizinhança física do sr. Costa e Silva, são os verdadeiros causadores da tensão política e dos conflitos de rua, e da insatisfação geral.

D. Eloá entra no NDB

SÃO PAULO (Sucursal) - Dona Eloá Quadros, mulher do ex-presidente Jânio Quadros, atualmente confinado em Corumbá, informou que comparecerá à reunião extraordinária do MDB, marcada para a próxima segunda-feira, às 11 horas, a fim de assinar sua filiação partidária. A ex-primeira dama do País, assim, dará o passo inicial para o lançamento de sua candidatura à Câmara Municipal, nas eleições programadas para o dia 15 de novembro do corrente ano.

Por outro lado, informa-se que não mais será aprovada, hoje, a relação dos integrantes do primeiro grupo de candidatos à Câmara Municipal de São Paulo, do MDB, conforme pretendia a Comissão Executiva estadual do partido, em virtude do Tribunal Superior Eleitoral não haver, ainda, procedido à regulamentação da lei das sublegendas. Somente após essa providência o juiz eleitoral deverá comparecer às reuniões partidárias destinadas à escolha dos candidatos às eleições municipais de novembro.

700 guardas contra Gama e Silva

Os 700 guardas do sistema penitenciário da Guanabara, depois de apelarem, sem êxito, ao marechal Costa e Silva, para que a sua situação funcional fosse regularizada, decidiram impetrar mandado de segurança no Supremo Tribunal Federal, contra o ministro Gama e Silva, responsável, segundo eles, pelo descumprimento da lei que determina o aproveitamento de todos no serviço público federal.

Alegam os guardas que, enquanto o ministro da Justiça indefere, sistematicamente, todos os pedidos que fazem, outros requerimentos semelhantes são atendidos, beneficiando funcionários que também trabalham nos estabelecimentos penais do Estado, embora lotados em serviços burocráticos ou técnicos. Estranham, inclusive, que o sr. Gama e Silva não esteja cumprindo a promessa que fez no princípio deste ano, quando assegurou que faria retornar imediatamente à esfera federal, todos os funcionários dos presídios da Guanabara, que optaram pelo reingresso no serviço público da União, conforme estabeleceu a lei.