sábado, 27 de setembro de 2008

Explodem três bombas na Guanabara

27 de setembro de 1968

Três bombas explodiram esta madrugada em diferentes pontos da Guanabara. A primeira, à 1h30min na Faculdade Nacional de Direito, na Praça da República; a segunda, à 1h40min nos jardins da Casa do Adido Aeronáutico da Embaixada dos Estados Unidos, na Rua Visconde de Albuquerque, 324, no Leblon; e a última, às 2 horas, na Escola de Belas Artes, na Rua Araújo Porto Alegre.

A primeira bomba esplodiu sob uma janela do Centro Acadêmico Cândido Oliveira (CACO), fazendo um buraco na parede, entortando os ferros da janela do andar térreo e destruindo as vidraças que dão para a Praça da República. Um Volkswagem verde - segundo a informação de um popular à polícia - foi visto passando em disparada pelo local segundos antes da explosão. O petardo na Escola Nacional de Belas Arte envergou os ferros do portão e abriu um buraco no chão. A Polícia Federal e o DOPS cercaram os locais, iniciando as investigações. Não houve vítimas.

Wladimir quer deixar liderança para mais novos

O líder estudantil Wladimir Palmeira, que está com prisão preventiva decretada, disse à reportagem da Tribuna, em algum lugar da Guanabara, que não vai mais aceitar cargos de liderança, e acrescentou: "Estou há muito tempo nisso, e tem muita gente nova e boa aparecendo".

Disse Wladimir que vai continuar participando do movimento estudantil, mas não quer que os estudantes fiquem à sua sombra. "O Movimento Estudantil é uma coisa que se renova e outros devem ocupar as lideranças, se têm condições para isso, e não ficar na minha sombra. No movimento todos trabalham e atuam".

Festival começa em ritmo de escândalo

Excentricidade, escândalo nos bastidores, público pequeno e apático, baixo nível das composições apresentadas e falta dos chamados grandes intérpretes marcaram na noite de ontem, o primeiro dia da fase nacional do Festival Internacional da Canção, versão 68, que apresentou as 23 músicas, primeiras das 43 selecionadas para a fase brasileira.

O cantor Fernando Pereira defenderia a música "Razão de cantar", de Nonato Buzar e Chico Nísio, que acabou sendo cantada pelo autor. Fernando acusou Nonato de ter pedido NCr$ 22 mil para permitir que ele interpretasse a sua música, como não conseguiu o seu intento proibiu Carlos de se apresentar, preferindo ele mesmo defender a música, no que não foi muito feliz.

O público que não chegou a lotar nem a metade das dependências do Maracanãzinho aplaudiu a música "Andança", bem interpretada pela novata Beth Carvalho, acompanhada pelo Conjunto "The Golden Boys", dos melhores da noite. Outra que mereceu grandes aplausos foi "Dia de Vitória, dos irmãos Valle, cantada por Marcos Valle. "Amada Canta", de Luís Bonfá e Maria Helena Toledo, recebeu a primeira vaia da noite.

O conjunto "Os Mutantes" deu o toque exêntrico da noitada, tanto na música, do mais puro protesto, como na maneira de se apresentar, todos vestidos com roupas estranhas, de um colorido vivo. A melodia, em que pese todo o estardalhaço que causou, vaiada por uns e aplaudida pela maioria, sendo a única que recebeu aplausos de pé, tem pouca chance, devido a não se constituir em tema popular, conforme reza o regulamento do Festival.

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