25 de junho de 1968
Em assembléia-geral realizada ontem no Colégio André Maurois, os professores decidiram ainda participar da passeata-monstro que os estudantes realizarão amanhã, com partida da Cinelândia. Da manifestação tomarão parte também artistas, intelectuais, mães de família e religiosos. O Clube de Engenharia, a ABI e a Ordem dos Advogados distribuíram manifesto apoiando a luta estudantil e pedindo ao governo que cesse as violências.
Ceará: polícia fere quatro a bala
Quatro estudantes foram feridos a bala, dois deles gravemente, quando realizavam, em Fortaleza, comício de solidariedade aos colegas cariocas. O "governador" Plácido Castelo deu ordem à PM para empregar "a violência que for necessária para conter os estudantes". Paraná: Os universitários de Curitiba entraram em greve geral e saem às ruas hoje em passeata-monstro. A população teme que o movimento seja reprimido com violência.
Minas: Um popular ferido a bala por um policial e dezenas de estudantes espancados e presos - esse o saldo das manifestações de ontem em Belo Horizonte. São Paulo: Os estudantes paulistas realizaram diversas passeatas e comícios pelas ruas da capital, sem que a polícia interviesse. Com a oposição das lideranças, alguns universitários queimaram um carro oficial e depredaram o jornal "Estado de São Paulo".
Vitória de De Gaulle esmaga esquerda e PC
O presidente De Gaulle conseguiu ontem uma esmagadora vitória nas urnas, menos de um mês depois de ter estado a ponto de renunciar, em virtude de uma grave crise nacional. Centro e quarenta e dois de seus candidatos foram eleitos já no primeiro escrutínio das eleições legislativas, celebradas para renovar os 437 deputados da Assembléia Nacional dissolvida pelo chefe de Estado, no dia 30 de maio, em plena crise.
Observadores qualificados disseram ontem que a tendência do primeiro escrutínio se confirmará no segundo, no dia 30 de junho, os degaullistas conseguirão a maioria mais ampla que jamais tiveram desde que o general Charles De Gaulle assumiu o poder em 1958.
Tarso é criminoso por omissão, acusa o MDB-GB
Em nota oficial distribuída ontem, o MDB da Guanabara classificou de "criminosa" a omissão do ministro da Educação, sr. Tarso Dutra, salientando que aquela autoridade está "acintosamente inerte diante dos problemas que os estudantes equacionam". Depois de acentuar que "urge dar a mocidade resposta às suas indagações", o documento, firmado pelo presidente da seção da Guanabara do MDB, deputado Waldir Simões, manifesta sua "mais veemente condenação e repulsa ao ódio e à violência que ensangüentaram as ruas da cidade e proporcionaram, aos olhos do mundo, um espetáculo deprimente".
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