30 de maio de 1968
Paris está sem governo desde que De Gaulle abandonou a capital, na tarde de ontem, refugiando-se em sua residência particular, em Colombey-les-Deux-Églises, próximo à fronteira com a Bélgica. O fechamento da Assembléia Nacional (o Congresso de lá) e a volta de De Gaulle ou sua renúncia é a alternativa que resta à V República, diante da crise que abala a França.
O primeiro-ministro Georges Pompidou é hoje, virtualmente, o governante francês, acumulando a Pasta da Educação e enfeixando nas mãos todos os poderes, como substituto eventual de De Gaulle. Os partidos de esquerda já escolheram, inclusive, seus postulantes ao posto. Não funcionaram as alianças propostas pelo governo para contornar a caótica situação da França de hoje.
24 anos de cadeia para os diretores da Dominium
O caso da Dominium, que traumatizou o País inteiro, não sensibilizou a imprensa nem o governo. Os jornais, pelos motivos que Jacinto Benavente chamou genialmente de "Os Interesses Criados". E o governo, pelas razões que a própria razão desconhece... Quanto ao Congresso, até agora, parece que ficou apenas na intenção de criar uma Comissão Parlamentar de Inquérito, pois as providências não saíram do papel, apesar dos esforços de homens como Mário Covas, Lurtz Sabiá e Raul Brunini, que ainda ontem fez novo discurso, alertando o Congresso para a repercussão nacional do escândalo e a necessidade imperiosa de uma Comissão Parlamentar de Inquérito para investigá-lo.
Novo pâncreas de Arari põe dr. Édson de vigília
Sem apresentar quaisquer anomalias que possam prejudicar o bom êxito da operação, salvo dores abdominais surgidas às últimas horas de ontem, passa bem, no Hospital Silvestre, Arari Charbel Rios, que vive hoje com um pâncreas sobressalentes enxertado sábado passado pela equipe dirigida pelo médico Édson Teixeira. O último boletim médico expedido ontem às 15 horas apresentava o paciente como em "estado de recuperação satisfatória" e com a temperatura de 36,8, com disposição para receber alimentos sólidos, muito embora seja proibida alimentação deste tipo, a não ser pastosos e líquidos.
Sodré vai dizer a Costa que não aceita pressões
O sr. Abreu Sodré tem encontro marcado amanhã, no Rio, com o presidente Costa e Silva, a quem reafirmará, no Palácio das Laranjeiras, sua disposição de manter um civil - o sr. Helg Meireles - à frente da Secretaria de Segurança Pública de São Paulo, apesar da existência de pressões em favor da designação de um militar para o cargo. O chefe do Executivo paulista tem encontro marcado, também, com o comandante do I Exército, general Sizeno Sarmento, com quem jantará.
No seu encontro com o presidente, o sr. Abreu Sodré dirá, ainda, de sua disposicão de nomear o ex-presidente Ulisses Guimarães, do MDB, para a Secretaria de Justiça, outro posto considerado importante para o esquema político-militar do governo.
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