28 de maio de 1968
A primeira operação do transplante do pâncreas no mundo foi realizado no Brasil, com pleno êxito, na madrugada do último domingo, pelo professor Edson Teixeira e sua equipe no Hospital São Silvestre, estando o paciente reagindo bem. A operação teve a duração de três horas e foi feita no carioca Arari Charbei Rios, de 29 anos.
O transplante do pâncreas representa uma grande vitória da medicina brasileira e se constitui num passo definitivo na solução do problema do diabético, cujo mal até agora tem causas desconhecidas. Anteriormente, várias tentativas foram feitas nos Estados Unidos, mas fracassaram, por terem sido empregadas técnicas incorretas de cirurgia.
Câmara homenageia milagre de Jesus no transplante de coração
BRASÍLIA (Sucursal) - O assunto na Câmara, ontem, foi o transplante do coração realizado em São Paulo pelo professor Euríclides Zerbini e sua equipe. O sr. Aniz Badra (Arena-SP), primeiro orador a tratar do assunto, ressaltou a inovação na técnica da operação assinalando que o coração do doador foi transferido para o tórax do receptor em menos de três minutos, revolucionando as normas até então seguidas nas outras 15 operações semelhantes, realizadas em todo o mundo.
Finaliza pedindo a inscricão nos Anais da Câmara dos nomes das 41 pessoas que, durante vários dias e noites, ficaram em vigília para que fosse possível que o "Jesus operasse o milagre" da ciência médica e da alta cirurgia. Para o sr. Romano Massignan (Arena-SC), que adiantou que o desenvolvimento de um povo não se faz através das armas, mas por intermédio de suas conquistas no campo da ciência e saber, o presidente da República, em reconhecimento "a este auspicioso fato que enche de orgulho toda a Nação", deverá mandar inscrever na Ordem Nacional do Mérito o nome de todos os que colaboraram na execução desta cirurgia.
Continua na França luta contra De Gaulle
Uma França paralizada e inquieta viveu ontem sem as violências de rua de dias anteriores, um dia no qual dezenas de milhares de estudantes e operários manifestaram pacificamente seu repúdio ao regime do presidente De Gaule. Trinta e cinco mil estudantes e milhares de operários realizaram, pacificamente, uma reunião de massa num estádio da periferia.
Essa reunião e outras semelhantes no interior realizaram-se depois que dessolidarizando-se dos dirigentes das principais centrais sindicais que, de madrugada, estabeleceram um protocolo de acordo com o governo e os patrões, os operários em greve em toda a França há duas semanas decidiram continuá-la.
O governo, entretanto, marcou para 16 de junho a realização do plebiscito anunciado pelo presidente Charles De Gaulle sexta-feira passada, no qual submeterá aos franceses um Projeto de Lei - programa para profundas reformas das estruturas sociais e universitárias do país.
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