sábado, 4 de outubro de 2008

São Paulo vira um barril de pólvora

4 de outubro de 1968


SÃO PAULO (Sucursal) - A conseqüente repressão da Força Pública e a ação do CCC - Comando de Caça a Comunistas - resultou, ontem, em São Paulo, na morte do estudante José Guilherme Guimarães, vários feridos, alguns em estado grave, muitos presos, entre eles oito jornalistas e alguns populares, carros oficiais incendiados e os edifícios da Faculdade de Filosofia completamente depredados. Diante dos graves acontecimentos, todo o efetivo policial de São Paulo foi requisitado.

À noite, toda a cidade, principalmente a Rua Maria Antônia, encontrava-se totalmente ocupada, com grandes contingentes de cavalarianos da Força Pública, "brucutus", "tatus", caminhões de choque, cães amestrados e centenas de soldados equipados com poderoso material bélico. As duas escolas foram tomadas pelos contingentes da Força Pública e, em conseqüência dos rojões que foram atirados, o fogo começou a arder no madeirame que se encontrava defronte às duas faculdades.

Costa em SP condena os extremistas

SÃO PAULO (Sucursal) - Ao agradecer, ontem, o almoço que o diretório estadual da Arena lhe ofereceu pelo transcurso de seu aniversário, o marechal Costa e Silva disse que "a democracia não teme os extremistas, de esquerda ou de direita". Assegurou que "estejam tranqüilos aqueles que pensam - e, às vezes, apregoam - que o chefe do governo possa ser compelido a tomar atitudes que não as ditadas pelas suas próprias convicções e a praticar atos que não sejam de sua própria determinação".

Chegando à Guanabara, o marechal Costa e Silva foi homenageado por altas patentes das Forças Armadas, sendo saudado pelo ministro Lira Tavares. Ao agradecer, disse que, em São Paulo, ficara impressionado com "as manifestações que recebera" e assegurou que "o povo brasileiro respudia a ditadura e o autoritarismo". Hoje, às 10 horas, haverá reunião ministerial no Palácio das Laranjeiras.

TRT aprova dissídio para 100 mil metalúrgicos

O Tribunal Regional do Trabalho julgou ontem, às 15 horas, o dissídio coletivo dos 100 mil trabalhadores metalúrgicos, que foi posto em votação pelo juiz José Morais Ratis. Foi aprovado um aumento de 30% sobre os salários atuais percebidos pela classe. O resultado da votação foi de 8 votos contra 6, sendo que quatro juízes votaram a favor do aumento da ordem de 30%; quatro votaram por 35% e os outros seis juízes foram favoráveis a 29% de aumento.

O critério foi em seguida explicado pelo sr. Moraes Ratis, que informou que o nível percentual mais elevado desceu para a porcentagem mais próxima que eram os 30%, o que ocasionou o aumento nesse percentual. Após ter sido encerrada as conversações, alguns metalúrgicos mais exasperados iniciaram um comício, tendo um deles dito da necessidade de se derrubar o governo dos patrões, e que a classe estava se armando para tal.

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