terça-feira, 28 de outubro de 2008

Novos deputados vão ao cutelo em nome da revolução

28 de outubro de 1968



A fúria cassatória do governo federal não cessou com a próxima degola dos deputados Márcio Moreira Alves e Hermano Alves, ambos do MDB da Guanabara, pois são exigidas novas cabeças de parlamentares, que discordam da orientação "revolucionária". Entre os deputados incluídos no ïndex oficial figuram os srs. Gastoni Righi, Hélio Navarro e Lurtz Sabiá, todos eles acusados de conspirar contra o regime vigente, ou seja, pregando a adoção de uma política nacionalista.

Vasco ainda é líder e torcida apanha

Vasco, a grande esperança dos cariocas no Robertão, ganhou do São Paulo com muita facilidade, porém por um escore difícil (3x2), isto porque não soube traduzir no marcador a sua superioridade. Mas o gol de Beneti quase pôs abaixo o Maracanã, tal a força do seu chute - um balaço. No sábado à noite no Maracanã, não era passeata de estudantes não, mas a PM se fez presente e distribuiu pancadaria a torto e a direito num simples conflito de torcedores do Fluminense com os seus dirigentes. Era a força do hábito...

Censura proíbe música que o povo canta

Todas as emissoras de rádio e televisão estão impedidas de apresentar a música "Para Não Dizer que Não Falei de Flores" da autoria de Geraldo Vandré, segundo determinações do Serviço de Censura Federal. A proibição passou a vigorar desde zero hora de sábado e Geraldo Vandré ao tomar conhecimento do fato emitiu o seguinte comentário: "se os versos de uma música dão para abalar esse governo então..."

A Determinação do Serviço Censura Federal tem como base um ofício expedido pelo Secretário de Segurança, general Luís França, solicitando ao ministro da Justiça, sr. Gama e Silva, a cassação da música (que também atende pelo título de "Sexta Coluna") por julgá-lo atentatória aos princípios das Forças Armadas. Ainda em conseqüência da mesma música, três pessoas se encontram presas e incursas na Lei de Segurança Nacional.

SS tira poder de Negrão

O Secretário de Segurança da Guanabara, general Luís de França Oliveira, resolveu ignorar, inteiramente, as críticas indiretas que lhe fez o governador Negrão de Lima, face à atuação violenta da polícia na repressão às manifestações estudantis, afirmando que tinha uma missão a cumprir e que a levaria até o fim.

A declaração do general Luís de França Oliveira, além de responder ao governador, contém uma ameaça velada ao dizer, nas entrelinhas, que continuará fazendo o que quer, sem dever satisfações ao chefe do Executivo estadual. Tentando "fazer média" com os estudantes, o governador saiu inteiramente desmoralizado de sua entrevista, porque o secretário respondeu ao governador no mesmo diapasão e deu seu grito de independência, mostrando que sua secretaria foge à área de influência da administração estadual.

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