quarta-feira, 15 de outubro de 2008

CCC invade centro acadêmico em São Paulo

15 de outubro de 1968

SÃO PAULO (Sucursal) - O CCC - Comando Caça Comunistas, invadiu e depredou o Centro Acadêmico Osvaldo Cruz, da Faculdade de Medicina da USP. Os corredores, as escadas, portas e paredes estavam completamente pichados - "abaixo os comunas, CCC voltou a atacar, a vitória é nossa". Além das pichações em todas as dependências do CAOC havia uma porta arrombada, outra parcialmente queimada e estilhaços dos vidros das janelas que dão para o pátio da Faculdade. O jornal mural mantido pelos estudantes foi rasgado e algumas cadeiras, quebradas.

Segundo os estudantes, esta foi a primeira vez que o CAOC sofre uma invasão desse gênero. Ressaltam que a posição do Centro está de acordo com as diretrizes traçadas pela UEE, mas que a Faculdade de Medicina é de tendência burguesa. Frisaram, ainda, que os universitários simpáticos do CCC naquela Faculdade constituem minoria insignificante e sempre foram derrotados nas assembléias. Últimamente vêm agindo mais abertamente.

STF escolhe Baleeiro para julgar cassação

BRASÍLIA (Sucursal) - O ministro Aliomar Baleeiro, do Supremo Tribunal Federal, foi sorteado ontem relator da representação oferecida pelo procurador geral da República, pleiteando a suspensão, por dez anos - pena máxima possibilitada pelo art. 151 da Constituição - dos direitos políticos do deputado Márcio Moreira Alves, do MDB da Guanabara.

O relator terá o prazo de oito dias para apresentar o seu parecer, devendo o processo entrar em pauta na segunda sessão ordinária da próxima semana, quando o STF, através da maioria dos votos de todos os 10 ministros, decidirá pelo prosseguimento ou não da ação interposta pelo ministro da Justiça.

Ministro aponta obstáculos à revolução

SÃO PAULO (Sucursal) - O ministro Albuquerque Lima, do Interior, reconheceu ontem, ao iniciar sua conferência no Círculo Militar, que o esforço do marechal Costa e Silva para impor as reformas está sendo obstacularizado "por implicações de inúmeros fatores existentes no próprio meio revolucionário, ainda não destruídos pela própria Revolução".

"É preciso - assinalou - de uma vez por todas, que compreendam os comunistas, os padres e bispos da esquerda festiva, os que se intitulam de estudantes e fazem o jogo de poderosos grupos econômicos, que as Forças Armadas, sempre irmanadas com o povo brasileiro, jamais permitirão a volta ao passado ou o restabelecimento de um regime anti-democrático, de esquerda ou de direita".

Lamentou o ministro do Interior que, "por incrível que pareça, existem ainda homens de responsabiidade no País, que procuram e insistem em transmitir à opinião pública uma proposital concepção distorcida que formam de nós, militares, emprestando-nos, injustamente, qualidades de prepotentes e irascíveis".

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