29 de outubro de 1968
BRASÍLIA - Advertindo que a Nação não poderá resistir por muito tempo à série de crise que a assola, o deputado Raul Brunini (MDB-GB) asseverou que "devemos optar, sem demora, entre eleições diretas em 1970 ou o caos, cujos primeiros sintomas já se pronunciam no horizonte".
Frisou que "numa Democracia o povo não pode e não deve ficar marginalizado, sob pena de se transformar numa compacta massa de manobra, conduzida por falsos líderes radicais. - Sem compromisso com o governo, sem participar da escolha, sem pertencer a partidos políticos, o povo ignora, praticamente, a sorte das Instituições - prosseguiu o sr. Raul Brunini - e se deixa levar ao certicismo, condenando tanto a Arena como o MDB, como responsáveis pelo atual estado de coisas. O povo, sem estar motivado, não empresta sua colaboração nas iniciativas governamnetais e despreza, praticamente, qualquer movimento oposicionista.
Assembléia se posiciona sobre cassações
Os parlamentares da Assembléia Legislativa da Guanabara vão tomar posição, hoje, em torno da nova onda de cassações de deputados e suspensão de direitos políticos, impondo um retrocesso ao governo do marechal Costa e Silva, nos moldes do regime discricionário vigente logo após a queda do sr. João Goulart.
Os círculos políticos manifestam também as apreensões das classes produtoras, que acabam de apelar para o presidente da República, no sentido de restaurar a tranqüilidade no País. Sobre a permanência da crise e sua evolução, o deputado Raul Brunini recomenda como única fórmula de superá-la o retorno às eleições diretas em 1970. Em caso contrário, afirma o representante carioca, teremos o caos.
SP: terrorismo é da própria polícia
S. PAULO (Asapress) - O Setor de Assaltos do Departamento Estadual de Investigações Criminais deu a conhecer ontem a prisão dos sargentos Tôrres e Romualdo, da Força Pública do Estado, além dos soldados da mesma corporação. Moisés, Serafim e Campos, do 5º Batalhão, e Cláudio do 4º Batalhão, do qual resta ainda prender o soldado Paulo de tal, todos implicados no assassinato, em agosto último, do recruta Antônio Carlos Jaffery, desde 20 anos de idade, quando de sentinela à porta da Escola de Formação de Oficiais da Força Pública, onde também se preparava para ser oficial bombeiro.
Foram também presos, por fazerem parte da quadrilha, os civis Francisco Assis Pereira, Francisco Mozart Pereira e Paulo Dias de Morais, motorista de táxi que transportava a quadrilha nas rondas criminosas, restando ainda ser localizado outro civil, Luís Carlos de tal vulgo "Costeleta".
Povo reza pelas vítimas
Mães, intelectuais, artistas, estudantes, professores e jornalistas mandarão celebrar amanhã, às 17 horas, na Igreja Nossa Senhora da Glória, no Largo do Machado, missa-campal em sufrágio das almas dos mortos nos últimos acontecimentos que abalaram a Guanabara, quando policiais assassinaram a tiros um estudante, um comerciário, um operário e causaram as mortes de uma criança recém-nascida e de um ancião.
Na manhã de ontem mais de mil pessoas, entre amigos, parentes, alunos e professores da Faculdade de Ciências Médicas, assistiram à missa celebrada pelo padre dom Lourenço, no Mosteiro da Glória, em sufrágio da alma do estudante Luís Paulo, a pedido de seus pais.
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