sábado, 25 de outubro de 2008

Deputado exige que Negrão renuncie

25 de outubro de 1968


O deputado Mauro Magalhães (MDB), em pronunciamento feito ontem na Assembléia Legislativa da GB, pediu que o sr. Negrão de Lima renuncie ao governo do estado, enquanto é tempo, "a fim de evitar os sacrifícios de mais vidas, pois será mais honroso renunciar, num gesto de grandeza, do que cair por fraqueza".

Salientou o parlamentar que "agora, atingimos ao ponto crítico a que estamos sendo levados pela irresponsabilidade e a insensatez dos governantes e, com isso, vários jovens têm sido mortos a tiros; alguns nem participam de passeatas, levando a Guanabara, a cada dia que passa, a aumentar seu recorde de mortos".

O sr. Mauro Magalhães prosseguiu dizendo que as coisas, esta semana, ultrapassaram os limites, "não do admissível, mas do absurdo, do impossível, do desrespeito". Frizou que um hospital foi invadido pelos homens que recebem e cumprem ordens e ali jogadas várias bombas de gás e disparados vários tiros.

Jornalistas têm assembléia hoje

O Sindicato dos Jornalitas da Guanabara convocou uma reunião geral da classe para hoje, às 20 horas, na sede do sindicato, décimo andar do ABI, para protestar contra as violências policiais que impedem o livre exercício da profissão jornalística. A assembléia, para a qual são convocados inclusive os não sindicalizados, deverá aprovar medidas concretas à defesa da classe no trabalho de cobertura de rua, tendo em vista a repetição das agressões aos profissionais de imprensa.

A convocação prevê ainda o estabelecimento de contatos com outros setores igualmente atingidos pela repressão, como artistas, intelectuais, estudantes e professores, com o objetivo de programar uma ação comum de protesto contra as últimas violências policiais, que culminaram com a morte de um estudante e dois trabalhadores.

Reação do Congresso será vigília cívica

RIO e BRASÍLIA (Sucursal) - Senadores da oposição exigiram que o Congresso se mantenha, a partir de hoje, em "regime de vigília cívica" para se contrapor, como "último reduto democrático do País", às sucessivas ameaças de golpe e de medidas de exceção que o governo faz anunciar para minimizar a reação de todas as classes brasileiras às violências praticadas contra os estudantes.

Alguns parlamentares do MDB, inclusive o senador Mário Martins e o deputado João Herculino, confirmaram que tinham tomado conhecimento de algumas informações transpiradas de áreas do governo, dando conta que o ministro da Justiça já possui uma série de fórmulas, "todas discricionárias", inspiradas por setores radicais e que, a pretexto de "revitalizar a Revolução", imporiam um regime de exceção no Brasil.

Brandt no Brasil vê a amizade

O ministro do Exterior da Alemanha Federal, Willy Brandt, cumpriu ontem um intenso programa na Guanabara, com visita ao chanceler Magalhães Pinto, entrevista coletiva na ABI e homenagem na Reitoria da UFRJ, onde foi vaiado pelos estudantes. Hoje, visitará Brasília, devendo retornar à noite ao Rio, depois de visitar o Congresso e o Supremo Tribunal Federal. Aqui disse que sua viagem é para ampliar amizade.

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