sábado, 22 de dezembro de 2007

"Entre a UDN e o Palácio do Catete um fosso intransponível".

(Manchete da TRIBUNA DA IMPRENSA de 19 de março de 1959):

"Entre a UDN e o Palácio do Catete um fosso intransponível".

Extensa matéria, na página 4, trazia o depoimento de vários líderes udenistas sobre os preparativos da VII Convenção Nacional da UDN, que deveria correr nos dias 20, 21 e 22, em São Paulo, mas era um tanto confusa. Iniciava, com a fala do presidente da UDN do Pará, deputado Ferro Costa. "Iremos à convenção com o propósito de fortalecer a unidade do partido e dispostos a aceitar, tranqüilamente, de maneira democrática, o pronunciamento da maioria. /"Esperamos, contudo, que a convenção de São Paulo seja uma reafirmação eloqüente da linha de independência do partido, evitando qualquer aproximação com o Catete", declarava Ferro. Acrescentando, em seguida: "Entre nós e o Catete há um fosso intransponível, decorrente dos gravíssimos erros e infidelidades praticados pelo presidente da República". Nada a ver, absolutamente, com a convenção do "partido do Brigadeiro". A seguir, sobre a mesma convenção da UDN, vinha um longo depoimento do deputado mineiro Bilac Pinto, afirmando que "as divergências surgidas sobre a posição da UDN no próximo pleito presidencial não constituem ameaça, ainda que remota, de divisão do partido". Bilac concluía sua fala à TRIBUNA, dizendo não acreditar na possibilidade de candidatura própria, mas afirmava: "Acredito que nosso apoio será dado, dentro em breve, ao ex-governador Jânio Quadros". Os depoimentos seguintes eram feitos pelos deputados Carlos Lacerda, da UDN carioca; José Sarney, da UDN do Maranhão; Adauto Lúcio Cardoso, também da UDN carioca; o ex-senador Juracy Magalhães e agora então governador da Bahia Juracy Magalhães, ainda na presidência nacional da UDN. Logo após prolongada sessão de troca de elogios tipo "rasga-seda, registrava-se um incidente entre Adauto Cardoso e Juracy Magalhães, porque este fez ver a Adauto que não concordava com os termos de uma entrevista dada a um vespertino a seu respeito. Adauto, por seu turno, retrucou que também condenava gestões feitas por membros da cúpula da UDN junto ao Catete. Aí, vendo que o ambiente ia ficando cada vez mais exaltado, Lacerda pediu a palavra para fazer um rasgado elogio a Juracy.

Fonte: Tribuna da Imprensa Online

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