quinta-feira, 19 de fevereiro de 2009

O baile do samba-cor - 19 de fevereiro de 1969

Para os 30 por cento que cabiam no salão, o "baile de gala" do Teatro Municipal até que foi animado. Esse contingente brincou para valer, só interrompendo a "sauna compulsória" quando foi efetuado o desfile das fantasias premiadas. Nesse ponto, os organizadores agiram com a cabeça: durou apenas 25 minutos a apresentação das fantasias que, de um modo geral, agradaram a todos, embora se registrassem alguns apupos a dois ou três concorrentes, que não têm um bom conceito entre os homens.

A "popularização" do baile, isto é, a concessão feita para as fantasias improvisadas, e além de ter sido permitida a frequência nos salões de alguns foliões que tinham misteriosamente trocado o "smoking" pela bermuda ou "short", pode ser acrescentado ao "trabalho" que o governo está fazendo para acabar com a tradicional atração turística. Em suma: quem participou ou assistiu à festa de segunda-feira pode ter sido testemunha ocular do último "baile de gala" do Teatro Municipal.

Bola Preta sai em 1º lugar por ser tradição

Quem não pulou ou cantou certamente parou para ver a animação do pessoal do Cordão da Bola Preta, que tradicionalmente é o primeiro a sair pelas ruas da cidade. Depois de pularem mais de 4 horas, no sábado, os foliões voltaram ao clube, na Av. 13 de Maio, na Cinelândia "para descansar e comer uma boa feijoada".

Embora o tráfego fosse interrompido por diversas vezes, não houve problemas, os próprios motoristas aproveitaram a oportunidade para descansar apreciando o rebolado das mulatas e ouvindo a banda de música do maestro Sodré.

Santa Teresa perde bonde no carnaval

Ao que parece, a atual diretoria da CTC deseja mesmo acabar com os bondes de Santa Teresa. No primeiro dia de carnaval, um defeito nos cabos que abastecem a linha de carris de energia elétrica fez com que centenas de foliões, moradores daquele bairro, ficassem sem a condução mais prática: o bonde.

Quem procurou saber o motivo da paralisação dos carris foi maltradado por quem dirige o serviço: "Não tem solução. Subam a pé ou apanhe um táxi" - afirmava o elemento, um senhor de idade que de há muito devia estar aposentado, caso a CTC não houvesse gasto o dinheiro pago pela extinta concessionária dos serviços de carris na compra de ônibus para "dar transporte barato ao povo", transporte esse mais caro do que das empresas particulares.

Marinheiros se divertiram na GB

Com uniformes e peles brancas, contrastando com o bronzeado dos cariocas, os marinheiros do porta-aviões norte-americano Yorktown foram nos quatro dias de carnaval a atração nas praias de Copacabana e Ipanema, superlotadas de banhistas e turistas, estes impregnados com reduzido tamanho dos biquínis.

Prevenidos por seus superiores de que o Rio nos dias de carnaval é "uma cidade de muitos excessos", os marinheiros mantiveram-se afastados de qualquer animação dos banhistas, preferindo ficar sentados nos bares tomando chope ou andar pela areia tirando fotografias dos biquínis mais audaciosos.

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