sexta-feira, 15 de agosto de 2008

Wladimir deve permanecer preso por mais 30 dias (Tribuna da Imprensa há 40 anos)

15 de agosto de 1968


Wladimir Palmeira deverá permanecer preso pelo menos mais 30 dias, segundo calculavam os observadores, depois que o Superior Tribunal Militar rejeitou ontem o pedido de habeas-corpus para o líder estudantil. Seu advogado, agora, terá de recorrer ao Superior Tribunal Federal ou apresentar outro pedido de libertação ao próprio STM, com nova fundamentação, mas ambos os procedimentos tomarão tempo. As lideranças estudantis da Guanabara decidiram ontem esperar até o dia 22 próximo pela soltura de Wladimir. Findo esse prazo - prometeram voltar às ruas para novas manifestações em toda a cidade.

Câmara decide sobre anistia hoje

A Câmara dos Deputados poderá votar hoje o projeto que concede anistia a trabalhadores e estudantes. O projeto, com emenda de votação fixando os efeitos da anistia entre o dia 28 de março e o dia 15 de agosto, voltou a ser aprovado ontem na Comissão de Justiça. Falta agora ser novamente apreciado pela Comissão de Segurança Nacional, mas ainda hoje estará na Ordem do Dia, podendo ser aprovado.

Alterando fundamentalmente os planos da liderança da maioria, a oposição conseguiu evitar que fosse aprovado ontem requerimento para que não houvesse sessão hoje. O MDB para conseguir seu intento utilizou expediente usado antes, em sentido contrário, pela Arena, pedindo verificação da redação final do projeto, para declarar-se em obstrução, não dando número para a votação, com o que fez abortar a pretensão da maioria.

Reitor vê realismo nos estudantes

Na conferência que pronunciou, ontem, perante a Comissão de Economia da Assembléia, o ministro João Lira Filho, reitor da Universidade do Estado da Guanabara, afirmou que "a juventude está realista: já não vive de encontros românticos marcados com a lua e, por isso, a Universidade precisa reestruturar-se para servir a essa juventude e atender aos seus anseios".

O ministro João Lira Filho, que usou como tema da sua palestra "a Universidade em face da Ciência e Tecnologia", salientou ainda que "não queiramos que, por omissão nossa, a juventude se conduza à generalização do slogam asiático "é proibido proibir", semelhante ao "contéstation" gálico.

A censura contra "Os Inconfidentes"

Dona Marina de Melo Ferreira, chefe da Turma de Censura de Diversões Públicas na Guanabara, enviou um espantoso ofício ao empresário do Teatro Gláucio Gill, determinando que seja "interrompida a exibição dos slides retratando as passeatas estudantis, incluindo o último com a bandeira brasileira". A ordem policial se refere à apresentação de "Os Inconfidentes", espetáculo encenado por Flávio Rangel.

A chefe da Turma lembra que a experiência de Teatro Total foi liberada sem restrições. "Posteriormente, porém - diz dona Marina - alguns dos slides foram considerados inoportunos, levando as autoridades superiores a sustá-los, para evitar, inclusive, manifestações contrárias do público à verdade da mensagem artística".

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