quinta-feira, 7 de agosto de 2008

Governo nega anistia para estudantes

7 de agosto de 1968

Afirmando que os estudantes ainda estão em luta aberta contra o governo, Ernâni Sátiro nega à Câmara razões jurídicas para votar o projeto, que concede anistia tanto aos jovens envolvidos nos últimos acontecimentos estudantis quanto aos trabalhadores.

O líder governista já está voando para Brasília, onde pretende impor à Câmara a rejeição do projeto, sob a alegação de que só é possível perdoar os crimes políticos quando as duas partes não mais se encontram em litígio.

O que quer Negrão

O governador Negrão de Lima foi acusado, ontem, na Assembléia Legislativa, pelo deputado Mauro Magalhães (MDB) de estar no firme propósito de jogar a população da Guanabara contra as Forças Armadas, ao pedir intervenção Federal para ajudar no equema de repressão policial à passeata estudantil que estava programada para ontem. O parlamentar, que foi um dos vários deputados que deploraram a atitude do sr. Negrão de Lima, acentuou que o governador da Guanabara, "eleito pela maioria do povo deste Estado, acaba de trair, mais uma vez, a população do Brasil ao se considerar incapaz e pedir a intervenção das Forças Armadas para reprimir os estudantes".

Cinelândia vira quartel da DOPS

Os agentes da Delegacia de Ordem Política e Social, mobilizados para impedir a manifestação, concentraram suas atenções na Cinelândia, onde os populares curiosos observavam os choques da PM, que permaneciam de prontidão para qualquer eventualidade. A Cinelândia estava interditada e os choques em fila, com os soldados armados de fuzis e metralhadoras. A DOPS fazia o trabalho de limpeza da área, que consistia em revistar os populares ou jovens que parecessem ser estudantes. Os agentes pediam os documentos aos transeuntes e os que fossem estudantes eram levados para o "Coração de Mãe". Os estudantes, reunidos à noite, voltaram a anunciar uma nova passeata para amanhã.

Violência policial força reação negra nos EUA

A onda de violência que sacode a América Latina começa a se extender aos Estados Unidos, onde a população negra ameaça o desencadeamento de um "novo verão violento", se as autoridades governamentais não impedirem o massacre sistemático dos negros por parte de orgnaizações racistas e dos policiais. Ontem em Los Ângeles, três negros foram mortos após um violento tiroteio contra a polícia. Segundo a versão policial o ataque aos negros se deu após a recusa desses em permitir que se revistassem o carro em que viajavam. Os líderes integracionistas, entretanto, afirmam que foi um ato de provocação. Três negros foram mortos e feridos gravemente dois agentes da polícia, em Los Ângeles, um quarto preto conseguiu escapar e encontra-se armado com uma pistola.

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