21 de agosto de 1968
A invasão da Tchecoslováquia por tropas do Pacto de Varsóvia, de surpresa, logrou completo êxito militar: aos últimos minutos da noite de ontem, pela hora local, a Rádio de Praga pedia aos tchecoslovacos que nada fizessem contra as forças invasoras, deixando implícito que as autoridades do país consideravam qualquer reação como suicídio.
O território foi invadido por todos os lados, jatos soviéticos desceram no aeroporto de Praga, tanques cercaram o palácio presidencial, aviões lançaram panfletos anunciando a volta ao poder de Antonin Novotny. Ao amanhecer, grupos de estudantes e populares tentavam manifestações contra as tropas estrangeiras, nas ruas da capital. Houve tiroteio, com três feridos.
Rebeldia divide Arena
BRASÍLIA (Sucursal) - Os 34 deputados da Arena que votaram ontem a favor do projeto de anistia vão associar-se à luta que a oposição sustentará, a partir do mês de setembro, para forçar o governo a promover sucessivas aberturas democráticas. O primeiro passo será a apresentação de projeto de emenda constitucional restabelecendo eleições diretas para escolha do presidente da República, a partir de 1970.
Depois da votação do projeto concedendo anistia a trabalhadores e estudantes, rejeitado por 198 votos contra 145, os 34 deputados da Arena que contrariaram a orientação de suas lideranças e votaram contra o governo, reuniram-se no proprio plenário da Câmara e decidiram continuar defendendo as teses populares de iniciativas da oposição porque entenderam que "ser fiel à democracia não significa cometer infidelidade partidária.
Costa quer entrosamento
Brasília (Sucursal) - O entrosamento do governo Costa e Silva com a classe política, a fim de fortalecer o sistema de poder instalado no País pelo movimento de março de 64, voltou a ser preconizado pelos dirigentes da Arena, durante a reunião em que a Comissão Executiva Nacional do Partido aprovou nota oficial recomendando às suas bancadas a rejeição do projeto de anistia.
O comando arenista, entretanto, preferiu omitir, no documento, qualquer referência à necesidade de entrosamento, para evitar que se interpretasse o fato como tentativa do partido de negociar a derrubada da anistia pelo compromisso (incerto) do governo, de dispensar melhor tratamento à classe política.
Governo ameaça JK
O sr. Juscelino Kubitschek poderá ser convocado, nas próximas horas, pela delegacia de Belo Horizonte do Departamento de Polícia Federal para receber nova advertência do governo, reiterando a proibição de que não lhe será permitido fazer pronunciamentos de caráter político, "sob pena de infrigir dispositivos do Ato Institucional nº 2", que o ministro da Justiça considera ainda em vigor.
A conferência pronunciada pelo senhor Juscelino Kubitschek na cidade de Juiz de Fora, publicada na íntegra por um jornal carioca, servirá de base para a nova advertência do governo, embora as autoridades do DPF entendam que o pronunciamento do ex-presidente, "por críticas apenas globais" à Revolução, não pode ser caracterizado, ao pé-da-letra, como uma manifestação política.
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