16 de agosto de 1968
Ao retornar do Nordeste, na tarde de ontem, o marechal Costa e Silva exigiu do senador Daniel Krieger, presidente da Arena, que o projeto concedendo anistia a estudantes e trabalhadores fosse "sumariamente rejeitado" no plenário da Câmara durante a sessão de hoje, às 13 horas. O chefe do Governo, que assumiu o comando da operação para vetar o projeto, entende que a iniciativa oposicionista é "incompatível à Revolução".
Dispositivo cerra porta da UF
Todas as faculdades da Universidade Federal do Rio de Janeiro tiveram ontem suas portas fechadas, em conseqüência do dispositivo conjunto elaborado pelas autoridades policiais e educacionais, no sentido de prevenir as manifestações estudantis. Também as faculdades da Universidade do Estado da Guanabara mantiveram suas portas cerradas.
Segundo esclareceu o secretário de Segurança, general Luís França, uma reformulação de métodos repressivos contra manifestações urbanas está sendo desenvolvido, de um comum acordo com os reitores e diretores de faculdades, na Guanabara. O secretário indicou que tentará suprimir a repressão física.
TFP agiu na procissão
Com a presença de 3 mil pessoas, a Irmandade de Nossa Senhora da Glória do Outeiro realizou ontem a procissão em louvor a Padroeira, havendo uma quebra de tradição, quando membros da Sociedade de Defesa da Tradição, Família e Propriedade foram repelidos pelos fiéis, ao tentarem conseguir assinaturas para um manifesto que seria enviado ao papa Paulo VI, contra "a infiltração comunista na Igreja".
Os rapazes e moças que penetraram nas dependências da Igreja Nossa Senhora da Glória, com o objetivo de prosseguir a campanha, não tiveram boa receptividade por parte da Irmandade local, saíram e foram tentar coletar assinaturas na parte exterior do templo.
O ponto alto das cerimônias foi a procissão de Nossa Senhora da Glória, realizada em torno da Igreja, participando dela cerca de 3 mil fiéis, e logo em seguida, às 20 horas, a missa solene oficializada por monsenhor Virgílio Lepanda.
Deputado vê Guanabara abandonada
O deputado Silbert Sobrinho (MDB) afirmou ontem, na Assembléia Legislativa, que a Guanabara continua entregue à própria sorte, que sua população está sofrendo os efeitos de um péssimo governo que gasta milhões de cruzeiros novos, mensalmente, "com faustosas propagandas no rádio e na televisão, que só servem para promoções pessoais de secretários".
Após dizer que "se propaganda em programa de televisão valesse a Guanabra estaria com todos os seus problemas de obras realizados, a cidade não estaria esburacada, não teria falta de água, de esgoto, e seria aquele paraíso que todos os cariocas desejam", o parlamentar acentuou que nunca vi coisa igual em toda a minha vida".
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