20 de agosto de 1968
O presidente Costa e Silva desobrigou aos parlamentares da Arena do compromisso de se manterem fiéis à orientação do partido durante a votação esta tarde do projeto da oposição que concede anistia a estudantes e trabalhadores e fez sentir a "sua compreensão" pela atitude assumida pelos arenistas que defendem o projeto.
O preseidente da República disse, no entanto, que considera o projeto inconveniente porque "a medida não irá sustar a agitação estudantil que obedece a um plano internacional".
Estudantes em Minas vão fazer passeata
Belo Horizonte (Sucursal) - Apesar da disposição do secretário de Segurança de Minas Gerais em reprimir com violência toda manifestação considerada como ilegal, a passeata dos estudantes, da qual participarão trabalhadores, clero, bancários, funcionários púbicos, donas de casa, professores, intelectuais e artistas, está pronta para sair às ruas.
Os últimos detalhes da manifestação foram acertados em uma Assembléia realizada na manhã de ontem, quando as lideranças estudantis desta capital traçaram os esquemas de propaganda e divulgação entre a população, através de panfletos que estão sendo distribuídos por toda a cidade.
Três explosões levam pânico a São Paulo
São Paulo (Sucursal) - Nada menos de três atentados terroristas foram perpetrados na madrugada de ontem, nesta capital, causando ferimentos num soldado da Força Pública, cuja identidade ainda não foi divulgada e danos materiais de grande monta. O general Sílvio Corrêa de Andrade, delegado regional da Polícia Federal em São Paulo, disse que os atentados têm relação com a série planejada por uma vasta rede de terroristas, acrescentando que a Polícia está na pista certa e que o DOPS continua investigando.
Oposição protesta
BRASÍLIA (Sucursal) - O deputado Mário Piva, vice-líder do MDB, analisando comentários de um matutino carioca, que aborda aspectos da pressão governamental contra a anistia, disse não acreditar que o marechal Costa e Silva consiga comprar ou conquistar a consciência livre dos homens que compõem esta Casa, através de medidas fisiológicas, de favores pessoais ou de liberação de verbas.
O projeto que concede anistia a estudantes e trabalhadores envolvidos nos movimentos populares que se sucederam à morte do jovem Édson Souto será votado pela Câmara dos deputados, na sessão vespertina de hoje.
Embora o resultado negativo da votação já seja previsto, tendo em vista que o governo manobra, em todos os sentidos, para a derrota do projeto, que poderia significar o início de diálogo entre governantes e governados. Vários parlamentares, tanto da arena quanto da Oposição, analisaram, na sessão de ontem, as conseqüências e as pressões que vêm sendo exercidas para que a anistia não seja aprovada.
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