quarta-feira, 30 de janeiro de 2008

Gama Filho prepara novo Ato Institucional (Tribuna da Imprensa 40 anos

Manchete da TRIBUNA DA IMPRENSA de 30 de janeiro de 1968:

Gama no Rio faz o novo Ato

A elaboração de um novo Ato foi decidida após o presidente receber relatório, de natureza militar, que lhe entregou ontem o ministro Lira Tavares, do Exército, sobre os últimos acontecimentos políticos. Simultaneamente, diferentes setores militares fizeram uma série de pronunciamentos, todos envolvendo apelos à coesão das Forças Armadas.

O primeiro a pronunciar-se foi o general Syzeno Sarmento, distribuindo ontem sua ordem-do-dia do domingo, em que exorta a tropa a permanecer unida "em torno dos nossos chefes". O general Albuquerque Lima, ministro do Interior, advertiu para as "tentativas de dividir as Forças Armadas", enquanto o coronel Osneli Martineli, líder da "linha dura", chamava a atenção para "o cuidado que o líder da Frente Ampla teve em limitar as críticas às Forças Armadas".

Referia-se ao pronunciamento que Carlos Lacerda fez em São Paulo no último sábado. Os meios militares vivem a expectativa de um novo Ato a qualquer momento. E o deputado Marcos Kartzman pede anistia à Câmara.

Brasil é apenas observador na crise da Coréia

Embora o Brasil não tenha, de imediato, qualquer interesse em jogo na Coréia, o Itamaraty acompanha com atenção o desenrolar da crise criada com o aprisionamento do navio espião norte-americano "Pueblo", já que deseja uma solução pacífica para o problema. Desconhece-se se o governo brasileiro estaria disposto a engrossar a fileira dos países que pretendem dialogar diretamente com o governo da Coréia do Norte, reivindicando a devolução do barco norte-americano.

O que se sabe, ainda que extra-oficialmente, é que o Itamaraty se mantém em contato permanente com a delegação junto à ONU, já tendo dado instruções para que se prestigie, ao máximo, as conversações dentro da Organização.

Miráglia dirige Fla até a volta

Aimoré largou ontem a direção técnica do Flamengo por 30 dias e vai, neste período, observar várias seleções européias e cumprir um estágio nos dois principais centros de Educação Física da Alemanha, em Frankfurt e Koin, passando na Itália (Milão) para assistir às finais da Copa Europa de escretes e prometendo "espionar" França e Portugal. Seu substituto, o assistente Válter Miráglia, assume o cargo titular hoje da manhã.

Como a Tribuna antecipou ontem, é bem difícil a volta de Aimoré ao Flamengo porque amigos do técnico o estão tentando convencer de que o melhor será se dedicar integralmente à seleção brasileira, sob pena de se desgastar perante a opinião pública se faturar mais alguns fracassos no clube rubronegro. Para todos os efeitos oficiais, Aimoré ainda é do Flamengo. Isto ninguém duvida. Ocorre que o seu contrato termina em março (foi assinado por 5 meses em novembro) e não há segurança de que seja prorrogado até dezembro de 68.

Aimoré declarou, no Galeão alguns momentos antes de seguir para a Europa, ao lado do sr. João Havelange, que reassumiria suas funções no flamengo. Nada falou, no entanto, sobre a prorrogação do compromisso e dos apelos que lhe fez o sr. Mendonça Falcão para largar o Flamengo e ficar só na CBD.

Fonte: Tribuna de Imprensa a 40 anos

http://www.tribunadaimprensa.com.br/40anos.asp


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