domingo, 25 de maio de 2008

Mudar coração dá cadeia (Tribuna da Imprensa há 40 anos)

O cardiologista Jesus Zerbini poderá ser processado se trocar coração humano, segundo o que prevê a Lei 4.280, de 1963, através de ação movida pelo Ministério Público de São Paulo. Apesar da proibição, o médico Jesus Zerbini, chefiando uma equipe de 30 pessoas, entre cirurgiões, anestesistas e enfermeiras, passou toda a madrugada de plantão, pronto para relizar um transplante de coração, caso surgisse algum doador.

Ao visitar, ontem, o Hospital das Clínicas de São Paulo, o ministro da Saúde, Leonel Miranda, declarou que acredita na capacidade do cardiologista Jesus Zerbini em realizar com sucesso um enxêrto, mas não quis se manifestar sobre a proibição. Observou apenas que o presidente Costa e Silva já tem em mãos um projeto de lei modificando a atual legislação a respeito. Pelo projeto, poderá haver transplante de coração humano, desde que comprovada a morte do doador e definida a responsabilidade do cirurgião.

Arena se rebela e não vota por segurança

Iniciou-se na Arena uma rebelião para torpedear o projeto do governo que enquadra 68 municípios brasileiros em áreas de "interesse da segurança nacional". Comentando a matéria na Câmara, ontem, o deputado Garcia Neto (Arena-MT) disse que votará pela sua rejeição, pois do contrário estaria concordando com o falso princípio de que o regime democrático é inconciliável com a segurança nacional.

Depois de criticar o parecer do deputado João Roman, a quem atribuiu ignorância sobre a Geografia Humana das fronteiras brasileiras, o parlamentar matogrossense afirmou que não compreende como a eleição de um prefeito possa enfraquecer a segurança do País. Por causa também do projeto 1368, o governo se encontra em sérias dificuldades para formalizar a venda da FNM ao grupo Alfa-Romeo: se o município de Duque de Caxias for enquadrado, a transação ficará proibida pela Constituição.

De Gaulle tem protesto de mais de duzentos mil

Cerca de 200 mil trabalhadores e estudantes desfilaram ontem pelas ruas de Paris, numa manifestação de protesto à atuação do governo De Gaulle nos setores educacional e econômico. Durante a marcha, alto-falantes portáteis transmitiam o hino da Internacional comunista, enquanto milhares de bandeiras do Vietcong eram erguidas do meio da multidão. Dezenas de cartazes estampavam dizeres de crítica à política do governo francês para com os operários e estudantes.

No Hotel Majestic, na capital francesa, os delegados dos Estados Unidos e do Vietnã do Norte não conseguiram qualquer progresso nas primeiras conversações de paz para o Sudeste da Ásia. Em Ciudad de Panamá, partidários dos candidatos à Presidência, Arulfo Arias e David Samudio, travaram violenta batalha nas ruas do Centro, resultando 2 mortos e vários feridos. A provável vitória de Arias, o governo respondeu que o candidato da Oposição não tomará posse.

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