segunda-feira, 12 de maio de 2008

Jânio viaja sem esperanças de que Costa lhe dê anistia (Tribuna da Imprensa há 40 anos)

Manchete da TRIBUNA DA IMPRENSA de 4 de março de 1968


SÃO PAULO (Sucursal) - O ex-presidente Jânio Quadros renuncia, mais uma vez, a participar da vida política brasileira e está de malas prontas para viajar à Europa, para onde embarcará no próximo dia 12. A viagem do sr. Jânio Quadros foi a única fórmula que encontrou para não participar da Frente Ampla, ao mesmo tempo em que entendia que "não há esperança de redemocratização durante o governo do marechal Costa e Silva", e conseqüentemente, de anistia.

Depois de ameaçado por setores militares ligados à Casa Militar da Presidência da República, de ser confinado juntamente com o sr. Juscelino Kubitschek, se aderisse à Frente Ampla, o sr. Jânio Quadros preferiu afastar-se do País, por tempo indenterminado. A opção que ele próprio se colocou era ou ingressar na Frente Ampla ou alheiar-se a um "confinamento" no Guarujá.

MDB muda direção para poder fazer oposição

A mudança do comando da direção nacional do MDB servirá para fortalecer a posição de combate assumida por alguns líderes do Partido contra a criação das soblegendas. Essa, pelo menos, a esperança de alguns deputados emedebistas, contrários à inovação por a considerarem uma tentativa de violação antecipada do processo eleitoral, como é o caso do deputado Mário Covas. Sem tomar uma posição abertamente contrária ao senador Oscar Passos, acha o deputado que a luta contra a sublegenda deve empolgar definitivamente os quadros partidários, o que não seria possível, segundo entendem alguns, com a continuação do senador na presidência partidiária.

A opinião geral é que o sr. Oscar Passos prestou serviços ao partido, mas que agora, nestes dois anos pré-eleitorais, o que é necessário é uma reformulação da tática até agora empregadas para ver se é possível pelo menos assegurar a normalidade do processo democrático.

Oposição anuncia queda de Robles no Panamá

Cidade do Panamá (FP-TRIBUNA) - A queda do presidente Marco Aurélio Robles foi anunciada ontem à tarde pelo rádio e por automóveis com alto-falantes. Uma atmosfera golpista reina na capital, onde as mesmas fontes asseguram que hoje assumirá a presidência Max Del Valle, primeiro vice-presidente da União Nacional de oposição, presidida pelo veterano líder Anulfo Arias. Correm rumores de que, em vista da crescente ameaça, o presidente Robles decidiu, ontem à tarde, trasladar seu gabinete ao comando da Guarda Nacional.

Alguns observadores consideram igualmente possível um contra golpe. Assegura-se que Robles resolveu mudar de residência para previsão de que degenerem em distúrbios as manifestações organizadas para hoje, segunda-feira, pelos três candidatos à presidência.

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