domingo, 18 de maio de 2008

Mourão quer Lacerda como presidente (Tribuna da Imprensa há 40 anos

8 de maio de 1968

SÃO PAULO (Sucursal) - Pregando o retorno do Poder Civil, o general Mourão Filho, presidente do Superior Tribunal Militar, defendeu ontem, nesta capital, a candidatura do sr. Carlos Lacerda à Presidência da República, em 1970, dizendo que se pertencer ao colégio eleitoral que escolherá o sucessor de Costa e Silva, votará no ex-governador carioca.

Ressaltou, ainda, que o sr. Abreu Sodré também "como brasileiro qualificado e categorizado está em condições de exercer a Presidência da República. O ministro é favorável a uma candidatura civil à sucessão de Costa e Silva, apesar de considerar falido o regime presidencialista e defender o parlamentarismo. Entede que, sendo mantido o presidencialismo, "é melhor que um civil venha a ser o candidato, pois é presiso entregar a direção do País a um civil por natureza".

Sizeno: Só o poder do povo é legítimo

Ao transmitir ontem o comando do II Exército, o general Sizeno Sarmento salientou a necessidade de união entre civis e militares e disse que "não há para nós nem Poder Civil nem Poder Militar, e sim o Poder do Povo", definido por ele como sendo "o Poder Nacional, alicerçado na ordem, no trabalho honesto e no patriotismo". Referindo-se ao novo comandante do II Exército, general Carvalho Lisboa, o general Sizeno Sarmento chamou-o de "militar de escola, cidadão emérito, ótimo companheiro".

A solenidade de transmissão do comando realizou-se na sede do novo Quartel-General do Exército, construída durante o comando do general Sizeno. Presente ao ato, o sr. Abreu Sodré voltou a manifestar-se a favor do entrosamento das forças civis e militares, num "regime de democracia com ordem". O general Sizeno Sarmento assumirá o comando do I Exército no próximo dia 21.

Contida a ofensiva vietcong no 3º dia

Tropas norte-americanas e sul-vietnamitas prosseguiram durante todo o dia de ontem e madrugada de hoje dando combate às tropas regulares norte-vietnamitas e aos vietcongs, no terceiro dia da segunda grande ofensiva. 178 guerilheiros morreram sob os escombros de uma fábrica no bairro chinês de Cholon, depois de um intenso bombardeio da aviação e artilharia norte-americana.

Os guerrilheiros faziam parte de um batalhão que tinha sido localizado e dispersado pela manhã, e chegaram à tarde às cercanias da ponte do Rio Kinh Doi, se refugiando numa fábrica vizinha. Ao redor da capital, tropas norte-americanas e sul-vietnamitas continuaram suas ações ofensivas para interceptar e destruir as unidades inimigas que tentam reforçar os dois ou três focos de resistência na periferia de Saigon. Em todas as demais províncias continuaram as operações de combate aos guerrilheiros.

Polícia impede concentração mas estudantes fazem comício

Um forte dispositivo policial impediu ontem a concentração dos estudantes, marcada para a Cinelândia, mas não evitou que vários grupos realizassem rápidos comícios-relâmpagos em pontos do Centro. Dom José de Castro Pinto e os presidentes dos Diretórios Acadêmicos se reuniram para acertar a pauta do projetado diálogo com as autoridades do governo.

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