sábado, 12 de abril de 2008

Cai o general que comandou os massacres

(Manchete da TRIBUNA DA IMPRENSA de 11 de abril de 1968)


Por determinação do governo federal, o governador Negrão de Lima exonerou o general Dario Coelho à noite passada, da Secretaria de Segurança da Guanabara. Motivos: a desnecessária violência contra os estudantes e uma série de erros que puseram em risco a segurança do Estado, na crise desencadeada com a morte de Édson Luís de Lima Souto, no Calabouço.

O novo secretário é o general Luís de França Oliveira, que já foi diretor da Polícia Política carioca. O governador, segundo as autoridades militares, se mostrou despreparado no trato com os problemas de segurança, tendo permitido o massacre de estudantes, desarmado a polícia no auge da crise e propiciado novamente o vandalismo policial na Candelária.

EUA ignoram militares do Vietnã do Sul e negociam paz

O secretário de Estado americano, Dean Rusk, ignorou completamente a mobilização geral decretada pelo Vietnã do Sul ao anunciar ontem que as conversações de paz preliminares poderiam começar "muito rapidamente". Observadores em Washington indicam que os Estados Unidos poderão tomar represálias contra o governo Van Thieu devido à sua obstinação em prosseguir a guerra de qualquer maneira.

Ontem, o presidente Lyndon Johnson classificou como "histórica" a decisão do Congresso de aprovar a lei que acaba a discriminação racial no tocante à residência em todo o país. Pela lei, aprovada esta madrugada, é assegurado ao negro amearicano o direito de morar em zonas residenciais até então ocupadas só por brancos.

MDB faz obstrução da Câmara em protesto à proibição da Frente Ampla

A obstrução total dos trabalhos parlamentares poderá ser feita pela oposição, na Câmara, em respresália à portaria do ministro da Justiça contra a Frente Ampla, segundo informou ontem o líder do MDB, deputado Mário Covas. Ao anunciar a disposição do partido de recorrer ao Supremo Tribunal Federal contra a portaria, o sr. Mário Covas acrescentou que a oposição pretende chegar ao boicote dos trabalhos parlamentares, destacando que o presidente da República já frisou que "não são as leis que fazem os déspotas e os tiranos, mas a tendência ou a vocação para a tirania e para o despotismo que se cria e nutre".

Sodré aproxima-se do povo depois de repudiar interferências

SÃO PAULO (Sucursal) - A permissão dada pelo sr. Abreu Sodré aos dirigentes do Movimento Intersindical Antiarrocho para que seja realizada dia 1º de maio, na Praça da Sé, um comício de protesto e tendo mesmo confirmado a sua presença na concentração-monstro, já indispôs, novamente, o governador paulista com as lideranças governistas e mesmo com setores militares, segundo informes ontem colhidos na Arena de São Paulo. A mesma fonte acrescentou que o sr. Abreu Sodré, "decididamente, ainda não deixou de ser um acadêmico" e que as conseqüências de seu gesto poderão ser "bastantes graves".

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