sábado, 29 de março de 2008

Selvageria (Tribuna da Imprensa há 40 anos

Manchete da TRIBUNA DA IMPRENSA de 29 de março de 1968

Selvageria foi como a cidade classificou os acontecimentos de ontem à noite, que culminaram com a morte do estudante Édson Luís Lima de Souto, deixando oito pessoas feridas. O vandalismo da polícia do governo Negrão de Lima tomou de surpresa a população, que mal podia acreditar em tanta truculência. A Assembléia Legislativa, em vigília forçada, protestou em peso.

Em Brasília, no entanto, o deputado Último de Carvalho afirmava, como vice-líder, que o governo federal apoiava a ação da Polícia na Guanabara, "porque não se sabe se foram os estudantes os primeiros a atirarem". O comandante (demissionário) da Polícia Militar general Osvaldo Niemeyer, justificava: "A polícia atirou porque o poder de fogo dos estudantes era superior".

Mourão defende anistia e diz que cassações foram fruto do arbítrio pessoal

Referindo-se ao problema da sucessão presidencial, o presidente do STM disse que o candidato atual seria Jesus Cristo, e assim mesmo "se Ele prometesse fazer milagre". Explicando a sua insólita escolha, o general Mourão Filho explicou: "Eu escolheria Jesus Cristo porque só milagre poderia dar jeito num País cheio de sérios problemas como o nosso, onde São Paulo é rico e próspero, e o Nordeste é subdesenvolvido e miserável".

À pergunta de um repórter sobre como vê o atual governo, bem como a situação do País em geral, o general Mourão Filho afirmou que "quando um governo ameaça prender um coronel por lhe ter ditado normas de administração, é sinal de que as coisas não estão boas". O presidente do STM referia-se ao coronel Rui Castro.

Jango lamenta não ter armado esquema militar para fazer as reformas

O ex-presidente João Goulart confidenciou, a um emissário dos trabalhistas brasileiros em Montevidéu, que lamenta, profundamente, não ter estabelecido um elo sólido entre as Forças Armadas e seus projetos de reformas de base, durante seu governo. Depois de reexaminar os acontecimentos mais importantes do período final de sua administração, julga o sr. João Goulart que esse tipo de atitude teria sustado, virtualmente, o processo de sua deposição.

Mengo cria pacto e tem Dorval

DORVAL será contratado pelo Flamengo dentro de 5 dias. Tal prazo foi concedido pelos dois diretores do Clube Atlético Paranaense que chegaram ontem ao Rio para firmar, com o presidente Veiga Brito, um pacto de ajuda mútua na qual os clubes se obrigam a permutar jogadores sempre que isto se fizer necessário. No caso atual, o Flamengo necessita de um bom ponta-direita e Dorval atende a estes requisitos, enquanto o Atlético precisa reforçar o seu meio-campo (devendo levar Amorim ou Nelsinho por empréstimo) para ganhar o Campeonato Paranaense que termina em junho. O título tem uma motivação diferente: caberá ao seu possuidor representar o estado na Taça de Prata, ex-"Robertão".

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