sexta-feira, 28 de março de 2008

Lacerda volta a pedir rádio e TV para Frente Ampla - Tribuna da Imprensa há 40 anos

(Manchete da TRIBUNA DA IMPRENSA de 28 de março de 1968)

MDB vê governo perdendo forças

O secretário-geral do MDB, deputado Martins Rodrigues, identificou ontem os sinais de enfraquecimento do governo: "o ciclo de pressões e de medidas artificiais imposto pela Revolução começa a desmoronar-se". Disse que o movimento militar privou o povo das grandes lideranças nacionais e declarou: "Queiram eu não queiram, os detentores do poder, a verdade é que Juscelino, Lacerda, Goulart, Arrais e Brizola encarnam as aspirações populares". Atribuiu ao artificialismo dos partidos, especialmente do partido do governo, a distância hoje existente entre o povo e o poder. Apontou o artigo do marechal Poppe de Figueiredo como outro sinal do degelo.

Martins acusa: Negrão fez tempestade

O senador Mário Martins acusou ontem o governador Negrão de Lima de "alarmar a população da Guanabara" com as suas denúncias sobre o desabamento da adutora do Guandu. Fez discurso no Senado, afirmando que Negrão está levando o pânico aos cariocas. No Rio, foi finalmente organizada a Comissão Parlamentar de Inquérito da Assembléia, para apurar o caso da adutora. Não tem um engenheiro - o único escalado ficou na suplência - e deverá realizar amanhã sua primeira reunião.

Lacerda volta a pedir rádio e TV para Frente Ampla

SÃO PAULO (Sucursal) - O ex-governador Carlos Lacerda, antes de receber o título de cidadão Piracicabano na Câmara Municipal daquela cidade paulista, declarou que são grandes as dificuldades para divulgar e popularizar a Frente Ampla. A dificuldade maior, frisou Lacerda, é a medida governamental impedindo que sejam utilizados os veículos de divulgação, rádio e televisão. "Isso a meu ver confirma que o que temos para dizer ao povo não convém ao governo. Isso cria um problema para nós, que temos que andar de cidade em cidade para contar o que temos a dizer.

A outra razão, continuou, que oferece alguma dificuldade é a compreensão dos motivos pelos quais adversários políticos se uniram para unir o povo na conquista da democracia e do desenvolvimento. É compreensível que alguns amigos encontrem dificuldades para comprender minha união com Juscelino e Jango".

Censura e INC estão despreparados para criticar o que é arte

A popular atriz cinematográfica Joana Fomm defendeu ontem a total substituição dos atuais censores e uma modificação no Instituto Nacional do Cinema, pois no seu entender os dois órgãos não estão necessariamente preparados para opinar no meio artístico nacional. E acrescentou: "São uns homens frívolos. E que vem tirando proveito da atual situação, visando benefícios próprios. Por outro lado demonstram pouco interesse pelo nosso movimento, relegando-nos a um plano bastante inferior".

A atriz Joana Fomm, que está proibida de sair do Brasil, ordem determinada pelo sr. Muniz Viana, presidente do Instituto Nacional do Cinema, alegou que "durante o Festival de Mar del Plata o representante daquele órgão sempre procurou fugir ao assédio da imprensa argentina e tentou proibir os artistas nacionais de protestarem quaisquer tipos de informações".

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