sábado, 22 de março de 2008

Lacerda exige direito de falar contra acusações de Negrão

(Manchete da TRIBUNA DA IMPRENSA de 22 de março de 1968)

O sr. Carlos Lacerda vai responder às acusações feitas, ontem, pelo governador Negrão de Lima a propósito do problema d'água da Guanabara. Para isso, Lacerda exigirá a concessão do direito de usar o rádio e a televisão, veículos de divulgação utlizados por Negrão. O advogado Sobral Pinto recebeu procuração do ex-governador e do engenheiro Veiga Brito para reclamar em juízo aquele direito.

Dizendo que tanto Negrão como sua asssessoria são completamente ignorantes em relação ao problema d'água da Guanabara, Lacerda frisou que as acusações fazem parte de uma manobra política de maior alcance, destinada a ridicularizar a Frente Ampla junto ao povo. Lamentou que o presidente Costa e Silva tenha se utilizado de tal expediente contra a Frente Ampla, embora deixando claro que nada tem a temer.

Brasil verbera mas não age contra racismo

O professor Austregésilo de Athayde, presidente da Academia Brasileira de Letras e que funcionou como representante do Brasil na III Comissão da III Sessão da Assembléia Geral nas Nações Unidas, em que se aprovou a Declaração Universal dos Direitos Humanos, exatamente há 20 anos, fez uma palestra sobre o tema.

O chanceler Magalhães Pinto, que presidiu a cerimônia, fez uma declaração dizendo que o "Brasil associa-se à essa iniciativa, inspirado nas tradições e sentimentos mais legítimos do seu povo". Disse das sucessivas resoluções que a ONU tem feito, condenando a política de discriminação. "Talvez nenhum aspecto das atividades das Nações Unidas corresponda mais autenticamente aos sentimentos do povo brasileiro e à filosofia de seu governo".

Segurança da ONU examina situação no Oriente Médio

Forças de Israel e Jordânia travaram ontem uma furiosa batalha de treze horas em território jordaniano, na mais importante explosão de violência no Oriente Médio desde a guerra árabe-israelense de seis dias em junho passado. O Conselho de Segurança da ONU reuniu-se em sessão urgente em Nova York a pedido da Jordânia. Israel também solicitou uma reunião do Conselho posteriormente.

O rei Hussein da Jordânia pediu ao presidente Nasser do Egito, seu aliado de junho, que convoque uma reunião de cúpula árabe. O chefe do Estado egípcio aceitou. Jordanianos e israelenses deixaram praticamente de lutar ao cair da noite, depois de uma guerra de treze horas, em que se travaram violentos combates com armas brancas, no local em que foi batizado Jesus Cristo, nas margens do Rio Jordão.

Ao retirar-se para suas bases oficiais, israelenses das tropas que atacaram posições jordanianas indagavam se o "ataque valeu a pena". Parecia-lhes demasiado elevada a cifra de perda: 15 mortos, 70 feridos, um avião derrubado e seis carros blindados avariados.

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