quinta-feira, 20 de março de 2008

Polícia invade ABI para defender o arrocho salarial

(Manchete da TRIBUNA DA IMPRENSA de 20 de março de 1968)

Um choque da Polícia Militar tentou ontem, mais uma vez, acabar com a campanha contra a atual política de arrocho salarial, ao invadir cerca das dezessete horas o prédio da ABI para acabar com a manifestação que ali se realizava, tentando recolher a mesa de assinaturas instalada no "hall" daquele edifício, organizada pelo Sindicato dos Jornalistas da Guanabara.

Após tentarem, sem êxito, apreender a lista de assinaturas e o material de propaganda, o choque da PM enviado ao local pelo general Osvaldo Niemayer, o superintendente-executivo da Secretaria de Segurança subiu até o 10º andar daquele prédio, onde está instalada a sede do Sindicato dos Jornalistas, a fim de retirar mesas e outros móveis, encontrando prontamente a oposição do presidente do Sindicato jornalista José Machado e do sr. Danton Jobim presidente da ABI.

Frentistas: Rui mostrou que há descontentamento militar

Os dirigentes da "Frente Ampla" no Rio se detiveram na análise das recentes declarações críticas do coronel Rui Castro à administração do presidente Costa e Silva e observou que o pronunciamento do ex-diretor da Biblioteca do Exército, em conversação com um grupo de parlamentares, revela que na própria área militar, existem fortes reservas ao procedimento da administração federal.

Para a "Frente Ampla" o coronel Rui Castro reconheceu, indiretamente, a validade histórica do movimento, ao ressaltar que aprovava cinqüenta por cento das teses defendidas pelo sr. Carlos Lacerda, mas condenava a aliança do ex-governador carioca com os srs. Juscelino Kubitschek e João Goulart.

Oposição tenta e não consegue derrubar artigo 48

Sem êxito - mas numa manobra de grande alcance político -, a oposição tentou revogar, ontem, durante votação na Câmara, o artigo 48 e seus parágrafos da Lei de Segurança Nacional. O dispositivo foi considerado, inconstitucional pelo Supremo Tribunal Federal, mas a tentativa falhou, pois não obteve maioria absoluta o requerimento encaminhado à Mesa pelo deputado Mário Covas, líder da Oposição.

Teatro pára na escadaria do Municipal enquanto a censura continua corte

Mais de cinqüenta artistas teatrais estavam acampando nas escadarias do Teatro Municipal, quando a Polícia resolveu dispersar o acampamento de alerta ao povo, que a luta que estão enfrentando é pela liberdade de criação e contra o atual estado de coisas, onde peças são proibidas somente porque há trechos em seus conteúdos que não agradam ao governo.

Ao receberem um comunicado do chefe de Polícia general Dario Coelho, as atrizes Norma Benguell Eva Todor e Tônia Carrero tiveram que deixar as escadarias do Teatro, por alguns momentos, por terem que comparecer à presença do referido general.

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