sábado, 29 de setembro de 2007

Lacerda: A inteligência nos obriga a unir (Tribuna há 450 anos)

Comentáriio

Manchete da TRIBUNA DA IMPRENSA de 29 de setembro de 1967:

Jovens católicos condenam terror e exigem
liberdade

A Juventude Operária Católica divulgou manifesto, ontem, condenando o regime de terror em que vive o Brasil, "indigno de um País que afirma ser civilizado, democrático e cristão", e exigindo o estabelecimento de um regime de liberdades, em que os jovens trabalhadores e a classe operária não sejam marginalizados diante do processo de desenvolvimento.

O documento defende a liberdade sindical, denuncia a corrida armamentista e repudia "todo e qualquer preconceito, principalmente o racial". Ressalta o manifesto da JOC que os jovens trabalhadores "reconhecem seu papel importante e insubstituível no processo das mudanças sociais que se fazem necessárias e urgentes".

Ainda ontem, o deputado Wilson Martins, do MDB, demonstrou na Câmara que, em função de erro de cálculo do resíduo inflacionário, o operariado brasileiro trabalhou de graça, nos últimos três anos, 124 dias e meio.

Lacerda: A inteligência nos obriga a unir

O ex-governador Carlos Lacerda, ao falar na noite de ontem, nas solenidades comemorativas do cinqüentenário da SBAT, em nome dos autores teatrais disse em alusão à Frente Ampla e referindo-se "ao velho lema usado pelos medíocres: dividir para governar", que "somar é a grande operação a que a inteligência nos obriga, quer no palco, quer na platéia".

Entremeando seu discurso com a história do teatro, as glórias da SBAT e a situação política do País, disse que "Nação nenhuma, em tempo nenhum da história, cedeu a outra nação as fontes de sua Universidade". Nação alguma - frisou - permitiu que na escola primária, interviesse forças estranhas à sua própria nacionalidde".

Deputados protestam contra PM na Aleg

Os deputados Alberto Rajão, líder do Grupo Renovador, Salvador Mandim (Arena), Nina Ribeiro (Arena) e Fabiano Vilanova Machado, MDB-GR, protestaram veementemente, ontem, na Assembléia Legislativa, contra a presença de um destacamento da Polícia Militar que durante todo o dia permanecia em frente ao prédio do Legislativo "em atitude desrespeitosa".

O presidente da Aleg, deputado Augusto do Amaral Peixoto, explicou aos parlamentares que o policiamento fazia parte de um esquema montado pela Secretaria de Segurança, em toda a cidade, para impedir manifestações estudantis contra os participantes da reunião do Fundo Monetário Internacional e que não tinha a finalidade de menosprezar o Poder Legislativo.

Delfim diz que Fundo deve decidir por consenso geral

O ministro da Fazenda do Brasil, Delfim Netto, falando em nome de todos os países da América Latina e das Filipinas na reunião de ontem do Fundo Monetário internacional, afirmou que as nações que representava não concordavam com a alteração do Fundo como foro de cooperação monetária internacional cujas decisões se baseiam no consenso dos países membros e não em votos formais.

Recomendou cautela na consideração de propostas de modificação do governo de Bretton Woods que, baseado em princípios simples e genéricos permitiu ao Fundo evoluir continuamente e adaptar-se às condições cambiantes da economia mundial.

Fonte: Tribuna Online

http://www.tribuna.inf.br/40anos.asp


Da publicação supra, merece destaque o seguinte trecho:

"Ainda ontem, o deputado Wilson Martins, do MDB, demonstrou na Câmara que, em função de erro de cálculo do resíduo inflacionário, o operariado brasileiro trabalhou de graça, nos últimos três anos, 124 dias e meio."

Comentásrio do Blog:

Aproveita-se o "gancho" para afirmar que o então Deputado Wilson Barbosa Martins representa um dos homens mais sérios e de idéias progressistas que passaram pelo Parlamento Brasileiro.

Provavelmente, ele não foi cassado pelo primeiro Ato Institucional (editado sem número, somente recebendo a designação da AI-1 por ocaisão do surgimento do segunto ato, o AI-2), por pertencer a UDN mas, a sua independência, clareza de raciocínio e idéias libertárias, não permitiu que terminasse seu mandato de Deputado, vindo a ser a ser cassado e ter seus direitos políticos suspenso por dez anos, cuja companhia viria ser motivo de honra e orgullho dos demais atingidos pela sanha "revolucionária".

Foi mais um "réu sem crime", vítima do arbítrio.

Sempre que podia sair de Niterói e visitar meus parentes em Anastácio e Aquidauana, ao passar por Campo Grande, eu o visitava.

Após o restabelecimento dos seus direitos pollíticos, fui cumprimentá-lo.

Ao chegar ao seu escritório, ele me disse: "Paim, estou de saída para ir a Justiça Eleitoral para renovar meu título. Venha comigo."

Acompanhei-o e assim, fui a única testemunha do primeiro ato do seu glorioso retorno político, agora não mais no nosso velho Mato Grosso, mas no novo MT-Sul, como o desigava o nosso amigo comum, o ex-Deputado Paulo Jorge Simões Correa, um dos mais ardorosos defensores da divisão do Estado, desde a década 60, motivo porque eu o chamava de governador do MT-Sul.

Pasarticipei, também, do ato de lançamento de sua candidatura e fui atenciosamente recebido, em sua residência, quando já governador, apenas para repetir um dos nossos encontros amistosos.

Muitas páginas deverei escrever sobre a trajetória de Wilson Barbosa Martins, deste eminente homem público, lídimo exemplo de cidadão e de uma estirpe de políticos de que o país está a carecer.


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